UE espera consenso de membros sobre conflito no Líbano

A Presidência temporária da UE, ocupada pela Finlândia, acredita que a reunião extraordinária que os ministros de Relações Exteriores da UE realizarão amanhã em Bruxelas permitirá a obtenção de uma "posição comum do grupo" sobre a necessidade de um "imediato cessar-fogo" entre Israel e Líbano.

Embora esse pedido pelo fim imediato dos ataques deva sair do Conselho de Segurança da ONU, a Presidência da UE quer aproveitar a reunião de amanhã para conseguir o acordo dos membros do bloco, inclusive do Reino Unido, sobre este ponto, disseram fontes finlandesas à EFE.

O ministro de Relações Exteriores da Finlândia, Erkki Tuomioja, que presidirá a reunião, afirmou hoje em Helsinque que um acordo com os britânicos "é possível".

Por enquanto não há nenhuma minuta de conclusões ou declaração sobre a mesa, e o resultado da reunião dependerá "da ambição dos ministros", afirmaram as fontes, que destacaram o peso que o bombardeio israelense na cidade libanesa de Qana - no qual morreram 57 civis, a maioria crianças - pode ter no debate.

As fontes acrescentaram ainda que se "uma perspectiva de ação comum da UE" para conseguir esse cessar-fogo imediato for alcançada, "já será suficiente".

"É um pouco cedo para esperar que os estados ofereçam posições firmes neste tema", afirmaram fontes diplomáticas consultadas pela Efe. Mesmo assim, o possível envio de uma força internacional de paz também será analisado na reunião.

O principal objetivo é obter o apoio unânime ao projeto de resolução francês para o Conselho de Segurança da ONU, que afirmaria "o compromisso da comunidade internacional para um cessar-fogo imediato baseado em um acordo político entre as partes e apoiado pelo posicionamento de uma força internacional" sob responsabilidade da ONU, segundo palavras do presidente da França, Jacques Chirac.

Os ministros também escutarão os representantes da UE que visitaram recentemente a região.

O alto representante da UE para a política externa e de segurança comum, Javier Solana, falará ao Conselho "sobre suas extensas conversas no Oriente Médio e seus contatos com os principais membros da União", após suas duas visitas à região.

Erkki Tuomioja e a comissária européia de Relações Exteriores, Benita Ferrero-Waldner, explicarão os resultados de suas reuniões em Israel e no Líbano, na semana passada.

Ferrero-Waldner insistirá na "necessidade do fim imediato da violência", e ressaltará a importância de uma "boa coordenação da UE" no plano humanitário.

Os aspectos humanitários da crise também estarão no centro dos debates dos ministros, que escutarão os relatórios do comissário europeu de Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, Louis Michel.

Neste sentido, a Comissão Européia qualificou hoje de "passo positivo" a trégua de 48 horas decretada por Israel, "especialmente para a situação humanitária e para a população inocente que está nas áreas afetadas pelo conflito", mas insistiu na necessidade de uma solução "duradoura" que ponha fim ao conflito.

Além disso, o bloco estudará a situação nos territórios palestinos, especialmente em Gaza, bombardeada pelo Exército israelense nesta madrugada.

A reunião do Conselho de ministros começará às 13h (8h de Brasília) com um almoço, seguido de uma sessão de trabalho que deve durar "algumas horas", segundo a Presidência finlandesa.