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Internacional
Sexta - 28 de Julho de 2006 às 16:35

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A capacidade de transferir conhecimento e habilidades aos outros é inata no ser humano. O mesmo não se podia dizer de outras espécies animais, que normalmente aprendem por observação. Mas cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, acabam de mostrar que as suricatas (Suricata suricatta) ensinam ativamente seus filhotes a caçar e comer suas presas.

Esses pequenos mamíferos carnívoros alimentam-se principalmente de insetos e vertebrados. Vivem em bandos de até 40 indivíduos, em regiões secas do sul da África. Um casal dominante produz cerca de 80% dos filhotes do grupo. Os animais mais velhos, chamados de "ajudantes", são responsáveis por criar os mais novos.

Divulgação

Animais mais velhos atuam como "tutores" O que os cientistas Alex Thornton e Katherine McAuliffe, autores da pesquisa, puderam observar é que os "ajudantes" matam ou incapacitam as presas, dependendo da idade dos mais novos, e as oferecem aos filhotes, para que eles aprendam gradativamente a caçar e se alimentar.

O artigo científico, que está na última edição da revista "Science" (www.sciencemag.org), cita como exemplo os escorpiões. Os "ajudantes" arrancam o ferrão dos venenosos invertebrados para que os filhotes os possam capturar com mais facilidade. Tudo é feito com a supervisão dos adultos.

Em outros animais, os mais velhos não mudam de comportamento para que os mais novos aprendam.

"Se um filhote de chimpanzé vê sua mãe pegando formigas com uma vara para se alimentar e encontrar um objeto parecido depois, vai fazer a mesma coisa que a mãe fez. Mas não houve elementos de ensinamento no processo", explicou Thornton à Folha.

No caso das suricatas, o "ajudante" dá a presa ao filhote para que este aprenda a lidar com o alimento. A diferença é que não há benefício para o adulto que está ensinando a técnica.

Para Eduardo Ottoni, do Departamento de Psicologia Experimental da USP, sem dúvida, as suricatas otimizam as condições de aprendizagem dos filhotes. Mas ele considera exagerado chamar isso de ensino. "Primeiro porque se vale de uma definição muito ampla de ensino, que inclui qualquer forma ativa de informação", diz ele. "E além disso, os adultos não passam aos filhotes suas técnicas de captura e desarmamento dos escorpiões", conclui o especialista em comportamento animal).





Fonte: Folha de S. Paulo

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