Peru privilegia "elefantes brancos" com renda extra da mineração
Neste ano, o Peru receberá 800 milhões de dólares em impostos de mineração e direitos de exploração, mas boa parte do dinheiro vem sendo gasta em "elefantes brancos", que variam de monumentos até pistas para skate em cidades onde falta água limpa, sistema de esgoto ou ruas asfaltadas.
"Não precisamos de pistas para skate, precisamos de calçadas. Estamos cansados da poeira que tem deixado nossas crianças doentes", disse Maria Contreras, uma dona-de-casa que mora em uma favela no norte de Lima, onde os planos municipais prevêem a construção de um circuito para skates.
Na província andina de Cajamarca, onde está localizada a maior mina de ouro da América Latina, Yanacocha, o governo local planeja construir uma arena para touradas que custará cinco vezes mais o orçamento anual da região para saúde.
À medida que os preços internacionais para o cobre e o ouro atingem valores recordes, o dinheiro de direitos de exploração e impostos no terceiro maior produtor mundial de cobre alcança níveis nunca antes vistos, maior do que o orçamento total do governo destinado à saúde e educação.
Mas peruanos pobres, que representam metade da população do país, dizem que ainda estão para ver os benefícios do crescimento da mineração e reclamam que os prefeitos gastam os recursos em projetos que chamam a atenção, mas que são inúteis, para aumentar suas chances de reeleição em novembro.
Ao mesmo tempo, algumas administrações municipais, desacostumadas com tanta renda, simplesmente não sabem o que fazer com o dinheiro extra.
A cidade de São Marcos, próxima à mina de cobre e zinco Antamina no centro do país, que possui um orçamento anual de 200.000 dólares, irá receber 14 milhões de dólares este ano por direitos de exploração e impostos sobre a mineração.
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