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Cidades/Geral
Quinta - 27 de Julho de 2006 às 18:48

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Os depoimentos de ontem dos funcionários do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso - Detran/MT-, presos durante a Operação Casa de Abelha, apontaram mais três acusados de envolvimento no suposto esquema de regularização de carros roubados.

Os mandados de prisão começaram a ser cumpridos pela Delegacia Fazendária no final da manhã de hoje. Apenas dois suspeitos foram detidos. Os policiais também cumpriram quatro mandados de busca e apreensão.

Um deles foi cumprido no apartamento do empresário Fernando Metelo, preso anteontem. Porém, o imóvel foi vendido há cerca de um mês e a polícia não encontrou nenhum vestígio do esquema.

De acordo com a delegada Alana Cardoso, que comanda as investigações, entre os novos envolvidos no esquema estão dois despachantes e um funcionário do Detran-MT. Com essas prisões, o número de acusados detidos sobe para 13. No entanto, o suposto líder do esquema, Edson Roberto de Paula, e Khalil Daruge continuam foragidos.

Essas novas prisões podem mudar o rumo das investigações. A partir de agora o processo passa a correr em segredo de Justiça. A determinação é da 8ª Vara de Justiça.

O Esquema

Para regularizar carros roubados, os servidores do Detran-MT contavam com a ajuda de funcionários do Detran de São Paulo e, possivelmente, dos Detrans de Santa Catarina e Paraná, que entravam nos sistemas e coletavam informações de veículos com características semelhantes.

Depois, simulavam a transferência do veículo para Mato Grosso e, então, os funcionários do Detran-MT conseguiam concretizar a fraude.

Com a ajuda de despachantes, donos de auto-escola e oficinas mecânicas, o chassi do veículo roubado era adulterado. O número inserido era o mesmo dos carros originais, que tiveram os dados roubados nos sistemas dos órgãos estaduais de São Paulo e Santa Catarina. Além disso, os documentos falsos eram usados para conseguir financiamentos em bancos.

A perícia do Detran só não identificava as fraudes, porque eram os servidores corruptos que faziam a vistoria. Para não levantar suspeitas, os documentos dos carros roubados eram colocados em nome de "laranjas".

Ainda segundo o corregedor Juliano Calçada, até agora foram identificados 14 veículos nesta situação. A investigação revelou que muitos carros chegaram a passar pelo nome de quatro pessoas.

Após a conclusão, os inquéritos serão enviados para o Departamento de Trânsito de São Paulo. Por enquanto, ninguém foi detido na capital paulista, mas a previsão é de que outras prisões fora de Mato Grosso irão acontecer.

A Quadrilha

A Corregedoria do Detran descobriu a fraude e solicitou a investigação da Delegacia Fazendária. A quadrilha teria movimentado R$ 1 milhão durante três anos.

Estão presos os empresários e Fernando Metelo Gomes de Almeida; os despachantes Elmo Zaniel Antônio da Silva, Jordaly Benedito de Lara e Elias Francisco da Silva; e os servidores do Detran, Orestes Boaventura de Moraes, Benedito Xavier da Mata, Erivaldo da Costa Marques, Odacil José dos Santos e Valdir dos Santos.

O cabeça da quadrilha está foragido. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, Edson Roberto está sendo investigado em vários inquéritos em outros estados. Só no Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic) de São Paulo, Edson Roberto é alvo de quatro investigações.

Ele mora em Cuiabá, mas também tem residência em Santa Catarina. A polícia fez diligências neste estado, em São Paulo e no Paraná, mas Edson não foi encontrado.

Khalil Calongas Daruge, que também está com mandado de prisão, ainda não foi localizado. Segundo a delegada Alana Cardoso, que comanda a Operação Casa de Abelha, quatro pessoas tiveram a prisão preventiva decretada. Outras duas foram presas em flagrante e o restante está detido temporariamente. Todos foram levados para a Polinter, anexo do Pascoal Ramos.

A delegada informou ainda que o primeiro inquérito sobre as fraudes no Detran foi instaurado em 2002. Atualmente, são quatro e estão em fase de conclusão. Os documentos e computadores apreendidos vão ajudar a esclarecer pontos ainda obscuros.

Conforme a delegada, os prejuízos causados pela quadrilha foram tão grandes que, até agora, o Detran-MT não conseguiu corrigir todas as fraudes feitas pela quadrilha. Como as supostas transferências eram feitas de São Paulo para Mato Grosso, a base nacional do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam) foi adulterada.





Fonte: RMT Online

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