Grande derramamento de óleo soma-se às tragédias do Líbano
O Ministério do Meio Ambiente do Líbano diz que o derramamento aconteceu quando os caças israelenses atingiram tanques de armazenamento na usina de Jiyyeh, ao sul de Beirute, nos dias 13 e 15 de julho.
O ataque provocou uma crise ambiental que o governo do Líbano não tem como combater, pois não tem nem dinheiro nem especialistas.
"Nunca vimos um derramamento como esse na história do Líbano. É uma catástrofe", disse à Reuters o ministro do Meio Ambiente, Yacoub al-Sarraf.
"O equipamento que temos é para vazamentos pequenos. Usamos muito de vez em quando para limpar um derramamento de 50 toneladas, por aí. Para limpar tudo isso precisaríamos de uma frota... O custo da limpeza total poderia ficar de 40 milhões a 50 milhões de dólares."
O vazamento é ainda mais prejudicial, porque peixes e tartarugas marinhas se reproduzem na costa do Líbano. Entre as espécies há uma de tartaruga verde que está ameaçada de extinção no Mediterrâneo, afirmam ecologistas.
A mancha de óleo já viajou entre 70 e 80 quilômetros, carregada pelo vento, ao longo da costa do Líbano. O país vem sendo bombardeado por Israel há 16 dias, em retaliação a uma ofensiva do Hizbollah.
Um navio de guerra israelense, atingido por um míssil do Hizbollah no dia 15 de julho, também pode ter derramado óleo no mar, de acordo com o site do Ministério do Meio Ambiente.
No Sporting Club de Beirute, sete homens trabalhavam com baldes para tentar tirar o óleo do mar. Suas roupas e seus braços estavam negros, e eles tinham os olhos e a garganta irritados pelo cheiro do óleo.
A equipe faz parte da limpeza-piloto encomendada pelo ministério. Em outros pontos havia esforços semelhantes.
"Ela chegou um dia depois de eles terem atingido a usina de Jiyyeh. O pior já passou. Há alguns dias toda a costa estava negra", disse Walid.
Abu Nassar inspecionava os prejuízos ao Sporting Club, administrado por ele. "Primeiro eles tentaram bombear o óleo, mas não funcionou. Agora isso. São métodos rudes, mas o Líbano não tem nenhum outro."
O Líbano pediu ajuda ao Kuweit, grande produtor de petróleo. Um avião lotado de equipamentos deve chegar até o fim da semana, informou o ministro.
Um dos principais problemas, no entanto, é que o bloqueio aéreo e marítimo imposto por Israel desde o início da guerra, no dia 12 de julho, atrapalha tanto a operação de limpeza como a chegada do equipamento.
"Para limpar de verdade precisamos de acesso ao mar, coisa que não temos", disse Sarraf. "Precisamos de mais equipamentos e de mais mobilização, mas para isso precisamos que as hostilidades terminem."
Como a temporada de migração já acabou, os pássaros não devem ser muito afetados, mas a fauna marítima pode ser prejudicada, afirma o ministério.
O ecossistema marinho pode levar anos para se recuperar, mesmo que o Líbano consiga retirar o óleo, dizem ambientalistas locais.
A pesca comercial e o turismo estão paralisados desde o início da guerra. "Julho é a época da abertura dos ovos de tartaruga, e os animais têm de chegar o mais rápido possível a águas profundas para fugir dos predadores. Com o óleo em seu caminho, eles não vão sobreviver", disse o ativista Wael Hmaidan.
"O vazamento ameaça a albacora azul, que é um importante peixe comercial, assim como espécies de tubarão", acrescentou.
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