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Internacional
Quinta - 27 de Julho de 2006 às 11:43

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A "trégua" concedida pela maioria das legendas de oposição ao Partido Aprista Peruano (PAP) e as divergências surgidas dentro da aliança nacionalista de Ollanta Humala devem permitir que Alan García comece sua Presidência com tranqüilidade na política interna.

Em contraposição com a "guerra suja" que marcou a campanha eleitoral, os analistas esperam que García tenha um começo de Governo sem grandes sobressaltos, pois diversos políticos, entre eles o atual presidente, Alejandro Toledo, defenderam uma "trégua" de pelo menos cem dias para garantir a governabilidade.

Mas os olhos do mundo política peruano inevitavelmente pousarão sobre os movimentos do líder social-democrata, que já governou o país entre 1985 e 1990 e obteve um segundo mandato com o apoio maciço daqueles que o consideraram um "mal menor" que o nacionalista radical Ollanta Humala.

O mapa político parece favorável ao novo presidente. Afinal de contas, as divisões dentro da legenda União pelo Peru (UPP), pela qual Humala disputou o Governo, indicam que o líder do PAP começará seu mandato com uma oposição enfraquecida.

A ruptura, após o anúncio de Humala de que criaria uma "frente popular nacionalista" contra García, que incluiria os movimentos da esquerda radical, suscitou descontentamento entre as bases e os dirigentes da UPP.

Alguns antigos aliados do ex-comandante, que ficou em primeiro lugar em 15 dos 24 departamentos (estados) do país nas eleições, o abandonaram - entre eles o ex-candidato à segunda Vice-Presidência pela UPP, Carlos Torres.

Humala, de 43 anos e que estremeceu com sua proposta nacionalista o cenário da "política tradicional", deve ter dificuldades para exercer a oposição e, ao mesmo tempo, recompor suas bases pensando no pleito regional e local de novembro.

Apesar disso, ele disse este mês que seu projeto nacionalista "está mantido" e que, no Congresso, os legisladores da UPP trabalharão pela "unidade".

O segundo colocado nas eleições presidenciais deve liderar protestos pacíficos contra o Governo García, como prometeu após ser derrotado nas urnas. Esta, entretanto, será uma prova de fogo, pois sua formação militar faz com que ele seja associado ao autoritarismo.

Neste contexto adverso, Humala terá que demonstrar sua habilidade na liderança de uma oposição democrática comandando um partido que, apesar de ter a maior bancada do Congresso, está totalmente fragmentado.

Na outra ponta do leque ideológico, a conservadora Lourdes Flores, da União Nacional (UN), lembrou que García ganhou com os "votos emprestados" de seus partidários, e prometeu fiscalizar o Governo que assume nesta sexta-feira.

Flores anunciou que os 17 congressistas da UN apoiarão as iniciativas do PAP - com 36 cadeiras no Parlamento unicameral de 120 - quando estas coincidirem com suas propostas conservadoras.

A UN também se dividiu após a derrota nas eleições, com a saída do partido Renovação Nacional, e ainda pode passar por um racha antes do pleito de novembro. Apesar de todas as turbulências, a legenda conservadora mantém uma postura mais moderada que os nacionalistas diante do futuro Governo aprista.

Outra força presente no Congresso peruano é a Aliança pelo Futuro, que representa a linha de Alberto Fujimori e cujos 13 legisladores são lideradas por Keiko, filha mais velha do polêmico ex-presidente.

Keiko Fujimori, congressista mais votada no pleito de 9 de abril, também se mostrou conciliadora com o Governo aprista. A mesma postura foi adotada pelo resto dos partidos: Frente de Centro, com cinco cadeiras; o atual governante Peru Possível e a legenda evangélica Restauração Nacional, com dois legisladores cada.




Fonte: EFE

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