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Internacional
Quinta - 27 de Julho de 2006 às 09:01

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LONDRES - A representante norte-americana de Comércio, Susan Schwab, afirmou que “o espírito de Doha sobrevive, mesmo que um acordo formal tenha nos escapado neste momento”.

A diplomata, que deixou a fracassada reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) sob críticas de que os Estados Unidos estavam sendo inflexíveis em seus interesses, disse que quer reviver a rodada de negociações comerciais iniciada na capital do Catar, e “garantir que todo seu potencial se realize”.

Susan Schwab viajará ao Brasil entre quinta-feira e sábado para tentar reverter o destino da agenda inaugurada em dezembro de 2001.

Um entendimento deveria ter sido alcançado até o fim de 2004, mas as reuniões foram suspensas na segunda-feira, em meio a um impasse que acabou com o ânimo dos representantes internacionais.

A representante afirmou que começará sua viagem pelo Brasil porque o país “é um líder dentro do sistema da OMC, e tem pedido constantemente mais oportunidades de acesso a mercados agrícolas como parte dos objetivos de Doha”.

Citando “estimativas conservadoras” do Banco Mundial, Schwab disse que os países em desenvolvimento poderiam ganhar US$ 142 bilhões com a eliminação das barreiras protecionistas.

“Esse volume excede os US$ 80 bilhões gastos em assistência financeira externa por parte dos principais países industrializados, e a atual proposta de aliviar US$ 42 bilhões de dívida externa (dos países mais pobres).”

Limite Susan disse que os Estados Unidos continuarão a “trabalhar junto com outros líderes responsáveis na comunidade comercial internacional, incluindo o Brasil, para alcançar objetivos comuns de aumentar a corrente de comércio, combater a pobreza e impulsionar o crescimento econômico.”

Mas é um fator interno americano que tem sido apontado por especialistas como um grande obstáculo para qualquer texto aprovado depois do fim deste ano.

É que, nessa data, vence o fast track, uma autorização do Congresso americano que permite ao presidente George W. Bush aprovar acordos comerciais sem a necessidade de submetê-los ponto por ponto ao Legislativo.

Na visão das delegações presentes na última reunião da OMC, na segunda-feira, isto não foi suficiente para convencer os Estados Unidos a cortarem substancialmente seus subsídios agrícolas.

O comissário de comércio da União Européia, Peter Mandelson, disse que “todos” mostraram flexibilidade nas negociações, “exceto os Estados Unidos”.

Mesmo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, que disse que não seria “produtivo” buscar culpados para o fracasso nas negociações, admitiu que o tema mais sensível aos Estados Unidos foi também aquele em que houve menor avanço.

Para Amorim, a suspensão das negociações da Rodada de Doha representa um “grande retrocesso”.

A secretária de Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab, por sua vez, disse que seu país pretendia realizar um corte mais ousado de seus subsídios, mas que voltou atrás em sua proposta ao perceber que os demais grupos negociadores não abririam seus mercados.

Multilateralismo Ao longo das reuniões, os representantes foram deixando claro que o que estava na mesa não eram apenas objetivos comerciais.

Com muitos países ou blocos preferindo fechar acordos menores, em âmbito bilateral ou regional, era a própria credibilidade da OMC que estava sendo testada, dizem observadores.

Ao comentar a suspensão da Rodada Doha, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, avaliou: "Perdemos uma oportunidade muito importante de mostrar que o multilateralismo funciona".

“Não nos desesperaremos, mas há um desapontamento que não pode ser compensado por nenhum acordo bilateral ou regional. Não há substitutos para a OMC ou para o sistema multilateral do comércio”, disse Celso Amorim.

O ministro brasileiro e a representante americana se encontrarão para tratar do problema.

A diplomata seguirá seu périplo nos meses seguintes.

Em agosto, ela se reunirá com representantes da Associação das Nações do Sudeste da Ásia (Asean).

No mês seguinte, encontrará exportadores australianos de produtos agrícolas.

Em novembro, acompanhará a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, a uma reunião com ministros de comércio da Apec, o grupo para cooperação econômica da região da Ásia e Pacífico.





Fonte: Agência Estado

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