Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quarta - 26 de Julho de 2006 às 16:55

    Imprimir


A operação militar de Israel contra o Hizbollah teve início assim que dois soldados israelenses foram capturados pela milícia libanesa no dia 12 de julho.

A campanha isralense rapidamente se transformou em um ataque em todas as frentes contra o Hizbollah, mas o tema dos prisioneiros permanece um assunto delicado entre israelenses, libaneses e palestinos e está no coração da recente crise no Oriente Médio.

SOLDADOS ISRAELENSES

A mais recente crise no Oriente Médio teve início no dia 25 de junho, quando o cabo Gilad Shalit, 19, foi capturado por militantes palestinos que atacaram um posto militar em Kerem Shalom, perto da extremidade oriental da Faixa de Gaza.

Ele foi o primeiro soldado israelense capturado por palestinos desde 1994. O Hamas, que controla o governo da Autoridade Nacional Palestina, disse que aceitaria libertar Shalit como parte de uma troca de prsioneiros. O paradeiro do soldado permanece desconhecido.

Os reservistas Ehud Goldwasser, 31, nascido na cidade de Naharya, na região costeira do norte de Israel, e Eldad Regev, 26, da cidade de Kiryat Motzkin, foram capturados pelo Hizbollah no dia 12 de julho, gerando uma ação militar israelense. Não foram dadas informações sobre os dois militares desde que eles foram capturados.

PRISIONEIROS LIBANESES

A justificativa do Hizbollah para a captura dos soldados foi de que realizou a operação para assegurar a libertação de prisioneiros libaneses detidos em prisões israelenses.

Israel detém em suas prisões milhares do que chama de presos por razões de segurança, mas eles são em sua maioria palestinos. No início de 2004, Israel realizou uma grande troca de prisioneiros, na qual mais de 400 presos foram entregues ao Hizbollah em troca de três soldados israelenses. Atualmente, Israel diz que só há três libaneses detidos em prisões do país.

Entre os principais libaneses presos está Samir Qantar, condenado a cinco prisões perpétuas por assassinato. A sentença se refere ao ataque que realizou contra um apartamento habitado por civis israelenses, em Nahariya, em 1979.

Durante a operação, o israelense Danny Haran, 28, foi assassinado em frente à sua filha de quatro anos de idade. Em seguida, a criança teve seu crânio esmagado com a coronha de um rifle. A mulher de Danny Haran, que havia se escondido dentro de um armário para não ser morta, acabou acidentalmente sufocando sua filha de dois anos, ao tentar fazer com que ela parasse de chorar.

O líder do Hizbollah, xeque Hassan Narallah, tem freqüentemente exigido a libertação de Qantar. Nasrallah chegou inclusive a ameaçar interromper o acordo de troca de prisioneiros de 2004, após o nome de Samir Qantar ter sido excluído de uma lista de prisioneiros feita por Israel.

Qantar voltou a ser mencionado durante a recente crise, mas Israel se recusa a discutir sua libertação. O governo israelense condiciona qualquer discussão sobre a possível libertação de Qantar à obtenção de informações sobre o piloto israelense Ron Arad. O piloto está desaparecido desde que seu avião foi derrubado ao sobrevoar o Líbano, em 1986.

Israel também tem um prisioneiro de origem judaico-libanesa, de nome Nissim Nasser, preso em 2002 e acusado de ter espionado para o Hizbollah. Em entrevista à BBC, o parlamentar do Hizbollah Nawar al Sahili disse que o terceiro libanês detido em prisões israelenses é um homem chamado Yehia Skaff. De acordo com o político do Hizbollah, Israel teria ainda um quarto prisioneiro, que seria um pescador chamado Ali Faratan.

Acredita-se ainda que 25 libaneses de origem palestina estariam presos em centros de detenção israelenses. Muitos destes estariam presos por crimes convencionais. A possível libertação destes prisioneiros não estaria entre as reivindicações do Hizbollah.

PRISIONEIROS PALESTINOS

Desde o início da primeira insurreição palestina, em 1987, que a maior parte dos presos por razões de segurança é palestina. Segundo dados oficiais passados à organização israelense de direitos humanos Btselem, há 9.153 palestinos detidos por autoridades civis e militares em Israel.

Destes, o grupo Btselem afirma que 8.035 estão detidos em prisões civis e 2.384 estão presos sem acusações. Aproximadamente 645 estariam sob "detenção administrativa", sem acusações formais e muitas vezes sem que saibam quais as acusações pesam sobre eles. Entre os que estão em prisões civis, figuram 74 mulheres e 265 menores de 18 anos.

De acordo com o Btselem, apesar de o Exército de Israel estar gradativamente transferindo autoridade dentro das prisões para autoridades civis, os militares ainda contam com 1.078 prisioneiros, entre eles 105 sob detenção administrativa e 28 jovens com menos de 18.

Dados divulgados pelos palestinos diferem ligeiramente da contagem israelense. O departamento de negociações da Organização para a Libertação da Palestina afirma que há 9.400 palestinos em prisões israelenses e que destes, 800 estão sob detenção administrativa.

Estas pequenas diferenças parecem ser o que há de mais próximo de um consenso entre as duas facções em relação ao tema de prisioneiros. Mas há divergências entre a forma como os detidos devem ser classificados. Os palestinos os chamam de "prisioneiros políticos". Israel afirma que 70% destes prisioneiros têm "sangue em suas mãos".

Representantes palestinos também criticam as condições das prisões israelenses, descrevendo-as como "abaixo das mínimas condições necessárias". Autoridades carcerárias de Israel afirmam que os presos por motivos de segurança recebem tratamento do "mais alto nível".

Milhares de prisioneiros palestinos exercem um importante papel na vida política. Líderes destacados das diferentes facções palestinas, como Marwan Barghouti, da organização Fatah, exercem considerável influência sobre o palestino comum de dentro de suas celas. A libertação do que os palestinos chamam de "prisioneiros políticos" é uma das principais exigências tanto dos líderes políticos como da população civil palestina.





Fonte: Folha Online

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/287247/visualizar/