Mesmo em crise, indústria paga 10% mais a funcionários
A indústria brasileira está produzindo menos e empregando menos, mas ao mesmo tempo está pagando mais aos funcionários, num movimento que à primeira vista pareceria sem sentido.
No total, os empresários do setor gastaram, em 2012, 10% a mais com seus empregados do que em 2011. Descontada a inflação, trata-se de um aumento real de 4,3%. Por trabalhador, a alta nominal foi de 11,5%, e a real, de 5,8%.
A conta parece não fechar. Em 2012, a indústria produziu 2,7% menos e empregou 1,3% menos. Por que está aumentando a folha de pagamento?
Alguns especialistas têm afirmado que os industriais, em geral, acreditam que a situação vá melhorar e, por isso, não valeria a pena demitir os funcionários agora – com todos os custos que isso tem – para contratar novamente daqui a pouco. Com patrões não tão dispostos a demitir, pode ter sido mais fácil para os sindicatos negociarem aumento de salários.
Ainda, o aumento do salário mínimo e os reajustes no setor de serviços também influenciam. A indústria em alguns ramos disputa mão de obra com os empresários de serviços.
A questão que fica é por quanto tempo os industriais vão conseguir manter seus empregados, à espera dos bons ventos. Os mais pessimistas acreditam que é uma questão de tempo para as demissões aumentarem. Os otimistas esperam que os empresários retomem a confiança na economia e voltem a aumentar a produção, mantendo os postos de trabalho.
“A gente tem expectativa de que a produção e o emprego vão crescer, mas está difícil quantificar”, disse ao blog Rogério César de Souza, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Para ele, os dados do fim do ano passado “não dão nenhum tipo de alento” para o começo de 2013. “Essa questão ainda está em aberto”, disse.
Enquanto espera o momento de investir, a indústria vai gastando mais com funcionários. Abaixo, o aumento real da folha de pagamento em quatro regiões do país.
O menor aumento real foi no Sudeste, e o maior, na região que engloba o Norte e o Centro-Oeste.
No gráfico seguinte, os setores que mais aumentaram os gastos com pagamento de trabalhador e os que diminuíram (já descontada a inflação).
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