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Internacional
Quarta - 26 de Julho de 2006 às 07:18

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Ministros das Relações Exteriores de 15 países estão reunidos nesta quarta-feira em Roma para discutir o atual conflito no Oriente Médio.

A reunião foi convocada pela secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, que na segunda-feira e na terça-feira se reuniu com os líderes do Líbano, de Israel e da Autoridade Palestina, durante visita à região.

Mas a morte de quatro observadores da ONU no sul do Líbano, após um ataque de um caça israelense, ameaça ofuscar as negociações.

A reunião em Roma ocorre em meio a novos ataques de mísseis do Hezbollah contra Israel e fortes combates no sul do Líbano, onde a mídia árabe diz que ao menos nove soldados israelenses foram mortos.

Enquanto isso, um comboio levando assistência deixou Beirute rumo ao sul do país.

Força de paz

O encontro em Roma tem a participação de países da União Européia, de países árabes, dos Estados Unidos e da Rússia. Mas alguns países interessados na questão, como Israel, Irã e Síria, não participam.

Um dos principais temas da pauta de discussões é a proposta de uma força internacional de paz para o sul do Líbano. Vários países apontados como possíveis participantes da força de paz participam da reunião.

Na terça-feira, o ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, disse que Israel estabeleceria o que chamou de uma zona de segurança no sul do Líbano, mantida sob o controle israelense enquanto a força multinacional não chegar à região.

A correspondente diplomática da BBC Bridget Kendall diz que o premiê italiano, Romano Prodi, e outros líderes presentes na reunião acreditam que um cessar-fogo é a principal prioridade.

Mas os Estados Unidos e a Grã-Bretanha não vão pressionar por uma trégua enquanto as causas do conflito não forem resolvidas, segundo Kendall.

Diplomatas de ambos os países têm reduzido as expectativas de que qualquer conclusão de longo alcance possa ser alcançada no encontro.

Ataque a posto da ONU

Este é o terceiro dia da missão diplomática de Condoleezza Rice para tentar controlar a crise, após ter viajado ao Líbano, a Israel e à Cisjordânia no início da semana.

Na noite de terça-feira, Rice estava reunida em Roma com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, quando foram divulgadas as notícias de que um bombardeio de Israel matou quatro soldados em um posto de observação da força de paz da ONU em Khiam, no sul do Líbano.

A atual força de paz da ONU no Líbano, conhecida pela sigla Unifil, está na região da fronteira desde 1978 e tem cerca de 2.000 homens.

O correspondente da BBC em Nova York Daniel Lak disse que os observadores haviam buscado proteção em um abrigo sob o posto de observação, porque já tinham sido alvo de 14 ataques de artilharia israelense contra sua posição, levando o general francês que comanda a Unifil a ligar ao comando militar israelense pedindo a interrupção dos ataques.

Porém o abrigo anti-aéreo acabou sendo atingido por uma única bomba pesada lançada por um caça israelense, e quatro observadores desarmados, da Áustria, Canadá, China e Finlândia foram mortos.

Uma equipe de resgate da ONU também se tornou alvo de disparos ao fazer buscas nos escombros por sobreviventes.

"Ataque deliberado"

Em um comunicado, Annan disse que o episódio foi resultado de “um aparente ataque deliberado pelas Forças de Defesa Israelenses” e pediu uma ampla investigação.

O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Fawzi Sallukh, condenou o ataque como “uma agressão bárbara e premeditada”.

“Essa agressão mostra uma vez mais que Israel não faz distinções entre uma mulher, uma criança, um hospital ou um posto da ONU, cuja missão é assegurar a segurança e a paz, violadas pelo Estado judeu”, disse o ministro, um muçulmano xiita próximo ao Hezbollah.

A China condenou a morte de um de seus cidadãos e pediu uma investigação.

A Finlândia, que ocupa atualmente a presidência da União Européia, expressou seu “choque” com o ataque israelense e pediu um inquérito imediato.

O premiê israelense, Ehud Olmert, expressou seu pesar pelas mortes em um telefonema a Annan, dizendo que o posto de observação foi atingido por engano.

Combates

Mais de 380 libaneses e 42 israelenses já foram mortos em duas semanas de conflito, iniciado após o Hezbollah capturar dois soldados israelenses em uma ação na fronteira em 12 de julho. Outras 2 mil pessoas já ficaram feridas.

Fortes combates continuam a ser registrados nesta quarta-feira entre forças de Israel e militantes do Hezbollah em torno da cidade de Bint Jbail, uma base do grupo no sul do Líbano.

Segundo a mídia libanesa, ao menos nove soldados israelenses foram mortos nos combates, mas a informação não havia sido confirmada pelas autoridades de Israel.

Não há informações sobre eventuais mortes entre os militantes do Hezbollah. Israel disse na terça-feira que havia capturado a cidade, o que foi confirmado pelas Nações Unidas, mas o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, continua negando a informação.

O Hezbollah disparou novos mísseis nesta quarta-feira contra a cidade israelense de Haifa.

Nasrallah havia ameaçado anteriormente disparar mísseis em outras cidades israelenses mais ao sul do que Haifa.

Ele também dise que seu grupo não aceitaria nenhum cessar-fogo que impusesse o que chamou de condições humilhantes.

O Exército israelense disse ter matado um alto-comandante do Hezbollah, identificado como Abu Jaafar, próximo ao vilarejo de Maroun al-Ras, capturado por Israel no sábado.

Na manhã desta quarta-feira, caças israelenses soltaram panfletos na cidade de Tiro, no sul do Líbano, com a mensagem de que Nasrallah está traindo seus apoiadores e usando os civis libaneses como escudos para suas ações.




Fonte: BBC Brasil

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