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Nacional
Terça - 25 de Julho de 2006 às 09:18

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SÃO PAULO - O jazz está enraizado na formação musical do carioca Ed Motta. É uma de suas tantas influências. E o músico finalmente vai poder explorá-lo do seu jeito dentro da série Credicard Vozes, nos shows que apresenta nesta terça-feira e na quarta, no Bourbon Street. A essência do projeto é justamente essa: deixar o artista convidado livre para escolher o repertório que bem desejar e, de preferência, nunca apresentado por ele em show algum.

Ed Motta está adorando a idéia. Segundo o músico, este será um terceiro formato de show seu. Ou um projeto paralelo aos dois que já tem na manga. "É que no Brasil eu sempre faço um show mais pop e, desde 1992, tenho um outro tipo de projeto para turnês no exterior", detalhou ele, em entrevista por telefone ao Estado, direto de Londres, na semana passada. "Fora do Brasil, apresento um espetáculo mais ligado aos discos Aystelum (seu mais recente, lançado no ano passado) e Dwitza (de 2001). Canto músicas sem letras, uso a voz como instrumento." É um formato de show muito bem aceito pelo público estrangeiro, confirmou Ed.

O cantor estava na Inglaterra, prestes a retornar para o Brasil, depois de uma temporada de dois meses de shows pela Europa. Aproveitou este ano para rodar também pelas cidades do interior da Inglaterra, o que o tornou mais conhecido por aquelas bandas. "Está pop total, estou precisando usar óculos escuros", brincou. "Não tem essa de óculos escuros, me recuso a usá-los", fez questão de retratar-se na seqüência. Ed acabou ficando na Inglaterra mais tempo do que planejava, por conta dos constantes cancelamentos dos vôos da Varig, companhia área com a qual voltaria ao Brasil. O que lhe causou prejuízos. "Tem uma loja de discos aqui perto do hotel e vou lá todo dia", justificou Ed, assumidamente um consumidor voraz de LPs e CDs.

Mas com a banda já entrosada, ele disse não estar preocupado com ensaios para o show. "Já está tudo ensaiado." E outra: a essência do jazz é o improviso. No repertório para o show no Bourbon, já previa algumas músicas básicas, como Maiden Voyage, de Herbie Hancock, Goodbye Pork Pie Hat, de Charles Mingus, Naima, de John Coltrane, Invitation (clássico dos anos 40, de autoria do compositor russo Bronislaw Kaper, radicado nos EUA), entre outros standards do jazz. "Invitation é um dos temas mais tocados pelos pianistas hoje em dia, no mundo todo, e eu gosto dessa coisa dos pianistas também."

Há canções suas de seu recente Aystelum, além de alguns temas instrumentais inéditos e uma pequena seleção brasileira, encabeçada por Pra Machucar Meu Coração, de Ary Barroso, e Caso Sério, de Rita Lee e Roberto de Carvalho. "Cantei essa canção do Ary Barroso no meu show Músicas de Antigamente e Algumas Inéditas." Ele também teve uma experiência anterior com Caso Sério, de Rita e Roberto: foi no disco Um Barzinho, Um Violão 2, para o qual o músico fez um registro ao vivo. "As pessoas comentaram muito sobre essa gravação."

Para Ed Motta, este será um show diferente. Pelo menos, perante olhos e ouvidos dos brasileiros. "Grande parte das pessoas espera uma apresentação minha mais pop, dançante e vou mostrar essa minha face mais jazzista." Mas Ed se diz tranqüilo, porque vai apresentar esse espetáculo para o público paulistano que, na opinião dele, é "um caso à parte". "Existe por parte deles um entendimento do que rola de diferente, de fora do comum mesmo."

Ed está empolgado em finalmente dar vazão ao seu lado jazzista, ao lado de sua banda formada basicamente por trompete, baixo, teclado, guitarra, piano e bateria, mas lamenta não ter tido ainda tempo para pôr em prática, digamos, um quarto projeto. O que comprova mais uma vez que Ed é, de fato, um músico de múltiplas influências. "Uma coisa que infelizmente não deu para fazer, mas que vou colocar em prática quando eu tiver mais tempo é um show só com repertório de clássicos do rock dos anos 60 e 70."

Ed Motta. Bourbon Street Music Club. Rua dos Chanés, 127, Moema, 5095-6100. Hoje e amanhã, 22 h. R$ 95 e R$ 120





Fonte: Agência Estado

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