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Terça - 25 de Julho de 2006 às 03:18

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O esquema de corrupção desmontado sexta-feira na Operação Cerol, da Polícia Federal, pode ter beneficiado o Clube de Regatas do Flamengo, que acumula dívida de R$ 50,2 milhões com a Previdência Social. Um dos inquéritos que teriam sido negociados com policiais da Delegacia Previdenciária (Deleprev) é o de número 33/04, que trata do não-recolhimento de contribuições do clube ao INSS.

Como a reportagem revelou nesta segunda-feira, a distribuição da investigação dentro da delegacia foi feita, segundo a Justiça Federal, de forma irregular ao escrivão Álvaro Silva e ao delegado Daniel Brandão - ambos presos - por ordem do delegado Mauro Montenegro, também preso, para beneficiar o clube, defendido pelo escritório do advogado Michel Assef.

O advogado é citado ainda em outro trecho do documento, no qual conversa com seu empregado Monclar Gama, preso sexta-feira. Assef e Monclar estariam, segundo a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Criminal Federal, combinando pedir aos policiais informações de um desafeto. Favores seriam pagos com brindes do clube. Monclar diz que ainda não encontrou Álvaro e que nem entregou o "chaveirinho do Flamengo".

Para a juíza, os diálogos indicam "que se pretendia satisfazer interesses do escritório Michel Assef Advogados". Ela lamenta que "agentes do Estado se vendam não só para acobertar, mas também para perseguir os desafetos de poderosos". Chefe do porto é citado

Outro ex-delegado da Deleprev citado no documento da Justiça Federal é Jomar Bittencourt, atual chefe da Guarda Portuária. No documento, a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho relata que Montenegro passou a Jomar inquéritos negociados com a empresa Vigban e que, mais tarde, Álvaro pediu "presentes" para Jomar ao empresário Jorge Delduque, sócio da empresa.

"Ao assumir a delegacia, Montenegro determinou a redistribuição dos IPLs 229/04 e 61/05 ao DPF Jomar Bittencourt", relata a juíza. Ela observa que "fica nítida a promessa de Montenegro a Delduque de que haveria pedido de arquivamento". A juiza afirma que Álvaro, "não satisfeito" com as vantagens que recebe, "ainda cobra a Delduque presentes para seus colegas, os DPFs Jomar, Jorge Almeida e Montenegro".

À reportagem, Bittencourt negou ter recebido presentes ou ordens de arquivamento. "Delegado não tem poderes para pedir arquivamento de inquérito. Desconheço isso aí", afirmou. Ele sustenta, até, que só conheceu Delduque no dia do depoimento dele à PF. No entanto, confunde-se quando questionado sobre o andamento da investigação.

"O destino do inquérito? O inquérito foi instaurado, se não me engano, no ano passado. Um inquérito relativamente novo. E como estive de licença, e depois veio Natal e Ano Novo... Mas já foram ouvidos, já tem documento e o fiscal foi ouvido, está na fase de resposta, se não me engano. É que eu não estou mais trabalhando lá, né?", justificou-se.

Advogado era "dono da rua" A prisão e envolvimento do advogado Tarcísio Pelúcio no suposto esquema de corrupção montado dentro da Polícia Federal do Rio surpreendeu seus vizinhos, na Tijuca, que o descrevem como "o dono da rua". Segundo moradores, Pelúcio moveu processos contra clubes e moradores, além de espantar assaltantes a tiros.

Vizinhos de Pelúcio contam que ele processou os clubes "Casa de Trás-os-Montes" e "Alto Douro" por causa de uma churrasqueira instalada ao lado do muro que faz divisa com um posto de gasolina. O "Libanês Brasileiro" foi parar na Justiça por causa do barulho à noite. Recentemente, o advogado teria atirado contra bandidos que atacaram um pedestre, mas ninguém saiu ferido. v Quem foi pego de surpresa com o noticiário envolvendo Pelúcio e sua casa na Tijuca - premiada em concurso de decoração natalina - foi Ivo Daflon. Há 30 anos, ele mantém centro de caridade no Maracanã conhecido como Casa do Papai Noel e, ontem, chegou a ser abordado por curiosos: "Nada tenho com esse negócio. Ali nem tem espírito natalino".

Preso fará cirurgia cardíaca O ex-superintendente da PF José Milton Rodrigues continua internado no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, na capital fluminense, à espera de cirurgia, a ser realizada amanhã ou na quinta-feira. Ele sofreu enfarte após ser detido e passou por cateterismo. Deverá receber ponte de safena e está proibido de ter visitas, como indica uma placa na porta do quarto. Apenas uma mulher não-identificada o acompanha.

Ontem, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ), Octávio Gomes, decidiu enviar ofício ao atual superintendente da PF no Rio, Delcir Teixeira, e à juiza Ana Paula Vieira, pedindo informações sobre o envolvimento dos seis advogados acusados. A segunda etapa será enviar as informações ao Tribunal de Ética e Disciplina, para verificar se houve quebra de princípios e se deve ser aberto processo disciplinar.

Policial civil sob suspeita O titular da Delegacia de Defraudações da Polícia Civil, Fernando Villa Pouca de Sousa, determinou abertura de sindicância interna para apurar suposta participação de agente da delegacia em esquema de propina beneficiando dois empresários, também policiais civis, investigados pela especializada.

Relatório da juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal, baseado na investigação da PF, revela que o inspetor receberia R$ 10 mil para aliviar a situação de Biagio Carmine Maturo Júnior e Eduardo Schaeppi. Este último teria entregue o dinheiro ao advogado Monclar Gama (preso), em encontro fotografado pela PF.

Monclar teria seguido para a Polinter, onde funciona a Defraudações, para repassar o dinheiro ao agente. Segundo a PF, os R$ 10 mil foram acertados após muita conversa - o pedido inicial era de R$ 100 mil.

A amigos, o agente nega envolvimento. Ele está lotado na delegacia desde 2003. Em 2005, época em teria ocorrido a suposta transação, a equipe também era outra. Atual delegado, Villa Pouca assumiu a delegacia em março deste ano. A sindicância será conduzida pela Corregedoria da Polícia Civil.

O relatório da juíza, que fundamentou a prisão dos 17 suspeitos, também cita figurões da Secretaria de Segurança Pública do Rio, que teriam, de acordo com denúncia formalizada no Grupo de Controle Externo do Ministério Público Federal, recebido dinheiro do empresário Paulo Henrique Villela Pedras.

Preso sexta-feira, Pedras, vice-presidente do Jockey Club do Rio e sócio da cervejaria Itaipava, pagaria R$ 50 mil de propina. Também seria responsável por oferecer a delegados cerimônias no clube - um dos mais luxuosos da cidade.




Fonte: O Dia

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