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Internacional
Segunda - 24 de Julho de 2006 às 16:35

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O meio-irmão de Saddam Hussein discutiu nesta segunda-feira com o juiz que preside o processo contra o ex-ditador iraquiano e acusou um funcionário da corte de tentar extorquir um parente dele, no momento em que o julgamento entra em sua fase final.

Saddam, 69, não compareceu à corte porque foi hospitalizado neste domingo, depois de passar 17 dias sem comer. Segundo o Exército americano, seu estado de saúde não é crítico.

Barzan Ibrahim --que além de ser meio-irmão de Saddam também foi chefe da inteligência iraquiana-- foi o único dos oito réus presente na corte, que deu continuidade aos interrogatórios no resumo final do processo, depois de um intervalo de duas semanas.

Ibrahim mais uma vez provocou o juiz curdo Raouf Abdel Rahman, que apresentou contra o réu acusações de incitação à morte.

O ex-chefe da inteligência iraquiana também acusou um funcionário da corte não identificado de ter tentado extorquir US$ 7.500 de sua cunhada. O juiz Abdel Rahman solicitou que as provas da acusação sejam apresentadas por escrito.

Os principais advogados dos acusados continuaram em Amã, na Jordânia, boicotando a sessão para protestar e pedir --como Saddam Hussein-- maior proteção para os advogados da defesa, dos quais três foram assassinados desde o início do processo, em outubro de 2005.

"A decisão dos advogados de boicotar a audiência é uma forma de marketing e de impedir o funcionamento da Justiça", declarou o juiz.

Ibrahim era chefe dos serviços de informação na época do ataque contra Saddam Hussein em 1982, que provocou uma onda de repressão. Saddam e sete de seus ex-colaboradores são acusados das mortes de 148 xiitas na cidade de Dujail, norte de Bagdá, após a tentativa de assassinato contra o ex-ditador.

Saddam também deve ser julgado, a partir de 21 de agosto, pelo massacre a curdos durante a década de 80. O veredicto do julgamento das mortes em Dujail deve ser divulgado em agosto.

O procurador pediu a pena de morte contra o meio-irmão de Saddam, que se defendeu depois de uma intervenção de um advogado.

Barzan elogiou os iraquianos que resistem com armas em punho aos americanos, acrescentando que "O jihad [esforço que o muçulmano deve desempenhar para difundir e proteger o islamismo] abre as portas do paraíso" e que "aqueles que recusam que sua terra seja devastada pelo ocupante não são nem ladrões nem criminosos".

O réu criticou novamente a legitimidade do tribunal: "Considerando que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem uma resolução do Conselho de Segurança da ONU (...), então minha presença aqui é uma violação das Convenções de Genebra".

O ditador deposto estaria sendo alimentado com café e líquidos e estaria recebendo atendimento psicológico para ser persuadido a comer.

"Saddam Hussein continua sua greve de fome e aceita tomar [alimentos líquidos] graças a um tubo de alimentação. Seu estado de saúde é permanentemente observado pelo pessoal médico e sua vida não está em perigo", afirmou o tenente-coronel Keir-Kevin Curry, porta-voz dos serviços penitenciários americanos.





Fonte: EFE

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