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Internacional
Segunda - 24 de Julho de 2006 às 10:17

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As fronteiras entre o Líbano e a Síria não estão fechadas e há um intenso tráfego em duplo sentido, de Damasco a Beirute e vice-versa, nas estradas que se livraram das bombas israelenses.

Desde que a aviação israelense bombardeou a estrada principal entre Damasco e Beirute, os veículos têm que transitar por complicadas estradas montanhosas, que os libaneses cruzavam durante o verão. Atualmente, os povoados que margeavam estas rotas têm pelo menos metade de suas casas fechada.

Seus habitantes, quando não fugiram para Europa ou Estados Unidos, podem ser vistos em Damasco, onde não passam despercebidos: nos hotéis e em apartamentos de luxo, os libaneses, com uma criada filipina ou indiana que cuida das crianças, são inconfundíveis entre os discretos sírios.

São curiosos refugiados de cinco estrelas que no ano passado protagonizaram contra a Síria o que alguém batizou como a "Revolução Gucci". Mas estes não são os únicos libaneses que viajam atualmente à Síria.

Os cidadãos de diferentes nacionalidades que não entraram nos navios fretados por EUA, França, Reino Unido e Itália chegam em ônibus à fronteira para dirigir-se a Damasco, embora a chegada de ônibus seja menor a cada dia.

No outro sentido, entram em Beirute trabalhadores humanitários, jornalistas e caminhões sírios com produtos de ajuda, principalmente colchões para os milhares de libaneses que abandonam o sul do país para instalar-se em escolas, mesquitas e igrejas da capital e outras cidades.

A passagem de Masnaa, hoje o principal ponto fronteiriço entre ambos os países, apresenta perto da fronteira um enorme buraco causado por um projétil israelense, que obriga os veículos a dar uma complicada volta por estradas montanhosas.

No povoado de Zahle a vida continua. Dois homens tomam sem pressa um espesso café turco em um terraço; a seu lado passam sem parar caminhões com melancias rumo a Beirute, enquanto as margens da estrada estão semeadas de postos de venda de pêssegos e ameixas.

Se não fosse por um caminhão e dois ônibus carbonizados - segundo Israel, transportavam armas sírias para o Hisbolá -, ninguém diria que o país está em guerra.

Nestes vales cristãos, cheios de cruzes, igrejas, estátuas da Virgem Maria e do Sagrado Coração, onde só de vez em quando se vê alguma mesquita, a guerra não se está deixando notar.

Os cristãos desta região dizem "não saber nada" da guerra. Não está claro quanto a guerra entre Israel e Hisbolá está transtornando a vida destes cristãos.

Conforme a estrada se aproxima de Beirute, há cada vez mais negócios - lojas, cafés e restaurantes - com as portas fechadas. Nas poucas lojas abertas, os clientes saem carregados de bolsas, porque não sabem quanto tempo mais poderão dispor de mercadorias.

Em Beirute, há uma imagem de normalidade nos bairros "chiques" de Hamra e Achrafieh, mas basta observar os pedestres para identificar famílias inteiras que chegam à área fugindo do castigado sul libanês, com seus pertences nas costas, em busca de refúgio.





Fonte: EFE

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