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Internacional
Segunda - 24 de Julho de 2006 às 09:06

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A negativa da Junta Militar da Birmânia (Mianmar) a realizar uma reforma democrática, ao mesmo tempo em que o país fortalece sua relação militar com a Coréia do Norte, será o centro da reunião anual de chanceleres da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean, em inglês), que terá início nesta terça-feira. Os ministros, que começaram a chegar hoje a Kuala Lumpur, tentarão pressionar novamente o Governo militar birmanês para que solte os presos políticos e demonstre que realmente possui planos de implantar a democracia em Mianmar.

Na Asean, cresce o mal-estar pelo dano que a postura de Mianmar está causando à difusa imagem desta organização regional desde seu ingresso, em 1997.

"A Asean chegou a um ponto em que não dá para continuar defendendo Mianmar se o país não cooperar conosco ou ajudar a si mesmo, fazendo um progresso claro das reformas políticas e econômicas", afirmou o ministro de Relações Exteriores malaio e anfitrião da reunião, Syed Hamid Albar, em artigo no "Wall Street Journal".

Esta postura de Mianmar parece se tornar mais firme à medida que estreita seus laços militares com o regime da Coréia do Norte, a outra nação asiática que se sente ameaçada pelos Estados Unidos.

O intercâmbio entre os dois regimes inclui a venda de armas, a transferência de tecnologia e o envio de equipes de analistas norte-coreanos a Pyinmana, a nova capital que o Governo birmanês constrói a 400 quilômetros ao norte de Yangun.

Esta nova capital está sendo construída com o objetivo de criar uma intrincada rede de túneis a fim de se proteger de um eventual ataque aéreo.

Segundo diplomatas, o temor do Governo militar birmanês a um possível ataque por parte dos EUA foi o principal motivo da decisão de transferir a capital administrativa para Pyinmana, cidade situada em uma região montanhosa controlada pelas Forças Armadas.

A Administração do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, tem condenado freqüentemente o regime militar de Mianmar por sua falta de respeito aos direitos humanos. Washington disse recentemente que o regime é "um reduto da tirania".

Essas relações no âmbito militar entre os dois regimes mais autoritários da Ásia foram notadas por diplomatas ocidentais em julho de 2003, quando vários técnicos norte-coreanos foram enviados a Mianmar.

Os especialistas tinham a missão de construir um enorme refúgio subterrâneo próximo a Taungdwingyi, cidade localizada na região central do país, próxima a Pyinmana.

Os EUA suspeitam que há centenas de túneis e refúgios subterrâneos para uso militar por toda a Coréia do Norte, até mesmo para encobrir algumas de suas indústrias de defesa.

As crescentes relações entre os regimes de Pyongyang e de Pyinmana preocupam o resto dos países da Asean, que aparentemente não aceitarão passivamente a presença militar norte-coreana no Sudeste Asiático.

Durante os últimos meses, alguns países-membros da Asean sugeriram que a organização deve começar a estudar a opção de expulsar Mianmar do bloco diante das fracassadas tentativas de convencer a Junta Militar a encaminhar o país para a democracia.

Esta reunião ministerial da Asean, realizada anualmente, terá uma conferência regional de segurança na sexta-feira, que contará com a presença do ministro de Relações Exteriores norte-coreano, Paek Nam Sun, e da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, entre outros.

A Coréia do Norte descartou uma possível negociação multilateral na reunião ministerial anual da Asean, disse hoje o ministro de Relações Exteriores da Malásia, Syed Hamid Albar.

O organismo regional reafirmou hoje seu respaldo ao vice-primeiro-ministro da Tailândia, Surakiart Sathirathai, como candidato à Secretaria-Geral da ONU.

A decisão foi adotada em uma sessão especial que os ministros de Relações Exteriores dos dez países-membros da Asean mantiveram com Sathirathai em Kuala Lumpur, sede da conferência anual que a organização realiza esta semana.

"Ele (Sathirathai) é o candidato da Asean e não só um candidato da Tailândia. Não deve haver dúvida alguma nem se questionar o apoio da Asean", disse Hamid Albar.

Durante a reunião de Kuala Lumpur, o Timor Leste, atualmente país observador, deve solicitar formalmente seu ingresso na Asean. O grupo da Asean é integrado por Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã.




Fonte: EFE

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