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Educação/Vestibular
Segunda - 24 de Julho de 2006 às 08:26

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Ainda neste ano, os adultos que estão sendo alfabetizados ou que acabaram de sair da escola receberão livros de ficção sob medida, com conteúdo, vocabulário e estrutura das frases específicos para quem já tem experiência de vida, mas não domina totalmente o idioma. São os oito títulos vencedores de um concurso realizado pelo Ministério da Educação no início do ano, o Literatura para Todos, que recebeu a inscrição de mais de 2 mil obras. Cada título terá uma tiragem de 300 mil exemplares. Esses 2,4 milhões de livros serão distribuídos entre os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), como hoje é conhecido o supletivo.

Cerca de 4,6 milhões de pessoas (2,5% da população brasileira) cursam o supletivo e vivem entre dois extremos: se querem um livro com uma história interessante, encontram obras com uma linguagem difícil; se querem um livro que lhes seja inteligível, encontram historinhas para o público infantil.

"Um adulto se interessa pelo livro A Escrava Isaura (clássico de Bernardo Guimarães), por causa de temas como amor e escravidão, mas as construções sintáticas são complexas, o vocabulário não é o de hoje e as referências também são do passado", diz o professor de Literatura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e escritor Paulo Seben.

De acordo com o Ministério da Educação, o concurso Literatura para Todos foi criado porque não existem, no mercado brasileiro, livros voltados especificamente para os adolescentes e adultos que estão aprendendo a ler e escrever. "As editoras consideram que, por ser majoritariamente pobre, esse público não tem como comprar livros", afirma Timothy Ireland, diretor de EJA do Ministério da Educação. "Essa é uma avaliação equivocada. É possível produzir material específico para o "neoleitor" a preços acessíveis."

As obras para os chamados "novos leitores" são mais ou menos como os livros escritos para os estudantes de uma língua estrangeira. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, por exemplo, existem editoras especializadas em publicar romances com diversos níveis de dificuldade no vocabulário, de acordo com o grau de conhecimento de inglês do aluno. Um livro interessante tem uma importância ainda maior quando se constata que o afastamento das letras pode significar a perda de todos os anos de estudo. De acordo com o Ministério da Educação, a taxa de retorno ao analfabetismo chega a 60% entre os recém-alfabetizados quatro anos depois de deixarem a escola.




Fonte: Gazeta Digital

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