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Internacional
Domingo - 23 de Julho de 2006 às 17:56

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Mas o brasileiro que organizou o comboio, o empresário Gihad Azan disse que os militares de Israel não aprovaram o roteiro proposto para a viagem.

O vale do Beka está cada vez mais perigoso com Israel intensificando os bombardeios na região – principalmente nas estradas – para impedir que os Sírios enviem ajuda para o Hezbollah.

Os ônibus têm que ser bem identificados com bandeiras nas partes de cima e as viagens precisam ser combinadas previamente e com Israel para evitar um ataque por engano.

“Pelo caminho mais direto, estamos a apenas 20 minutos da fronteira com a Síria, mas foi avisado agora pouco (tarde de domingo) pelo governo brasileiro que esse caminho não foi aprovado pelos militares israelenses”, disse Gihad Azan.

Perigo

Azan explica que pelo roteiro proposto pelos brasileiros, a viagem até Damasco demoraria cerca de uma hora e meia, enquanto o caminho indicado pelos israelenses resultaria em uma viagem de cerca de quinze horas.

“Os israelenses querem que a gente saia do Beka até Beirute, viaje para o norte do Líbano, entre na Síria e depois volte rumo ao sul até Damasco. Assim, os ônibus iriam ficar por umas quinze horas na estrada e por grande parte do caminho expostos aos perigos de uma zona sujeita a bombardeios”, lamenta.

O roteiro pedido pelos israelenses também inviabilizaria o plano de fazer duas viagens com os comboios de ônibus para retirar o maior número possível de pessoas da área.

A idéia inicial era enviar uma primeira leva de 405 brasileiros - o número de assentos disponíveis nos sete ônibus e três microônibus alugados - às sete da manhã na hora local (1h00 hora em Brasília) e depois trazer os veículos de volta para uma nova partida a tarde.

Há pelo menos 20 mil cidadãos brasileiros que vivem no Vale do Beka, mas o número pode chegar a 50 mil segundo estimativas feitas pela comunidade brasileira na região.

“Tem muita gente que quer ir embora. Com certeza os ônibus que saírem daqui vão lotados. E se tiver mais gente querendo ir, vamos mandar passageiros de pé. A situação aqui é insustentável”, diz Azan.

Ele conta que os ônibus foram alugados por ele e por um vereador brasileiro de uma cidade do Vale do Beka, o engenheiro Mohamed Abduni.

Depois que por duas vezes os motoristas dos veículos conseguidos pelo consulado do Brasil no Líbano desistiram das viagens previstas para a semana passada na última hora.

O consulado, no entanto, vai pagar a conta de 13,6 mil dólares pelos dez ônibus alugados.

“Desumano”

Gihad Azan diz que o Itamaraty esta sendo “desumano” com as pessoas que moram no Vale do Beka.

“Os bombardeios aqui não param e estão ficando cada vez piores. Há milhares de brasileiros que moram nessa região e as pessoas estão em pânico”, conta.

Ele diz que a decepção com o governo é muito grande por causa dos cancelamentos. Azan diz que os brasileiros também reclamam que o contato com o consulado para discutir os procedimentos de retirada é muito difícil.

“As pessoas dizem que ligam muito para os números divulgados pelo governo, mas que dificilmente conseguem falar com alguém.“

A reportagem da BBC Brasil foi hoje até o consulado brasileiro em Beirute, mas nenhum diplomata quis prestar informações ou fazer comentários sobre o caso,.

Hoje também saíram de Beirute 73 brasileiros em um navio enviado pelo governo do Canadá.





Fonte: BBC Brasil

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