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"Condenação de Suzane foi resposta à sociedade", diz jurada
A condenação de Suzane von Richthofen, 22, e dos irmãos Daniel, 25, e Cristian Cravinhos, 30, acusados de planejar e matar os pais dela, em 2002, em São Paulo, foi uma resposta à sociedade, de acordo com a aposentada Iolanda de Oliveira Toledo, 57, uma das sete pessoas que compuseram o júri.
A sentença foi anunciada na madrugada do último sábado, no 1º Tribunal do Júri, no fórum da Barra Funda (zona oeste), após cinco dias de júri. Daniel e Suzane pegaram 39 anos e meio de prisão cada um. A sentença de Cristian foi um ano menor.
"A gente estava lá para assumir e fazer valer o que o Tribunal do Júri e o Estado precisam fazer para que não ocorram crimes deste tipo", disse em entrevista à Folha Online, na noite de sábado. "Eles teriam de ser punidos e fazer valer a lei", afirmou.
Mãe de dois filhos --um rapaz de 19 anos e uma moça de 28--, Iolanda considerou o julgamento como uma "experiência de vida". Para a aposentada, que já atuou em outros júris, o do caso Richthofen foi o que chamou mais a atenção. "Primeiro porque [o crime] foi uma coisa horrorosa. Em segundo lugar porque todas as vezes [nos júris anteriores] as pessoas se arrependiam, choravam, queriam esse perdão. Não que eles [Suzane e Cravinhos] não quisessem, mas foi diferente", disse.
Segundo ela, os irmãos foram muito emotivos, especialmente após o depoimento da mãe, Nadja, que disse ter perdoado os três. Suzane, por sua vez, também chorou em alguns momentos, embora tenha se mostrado mais fria que os outros dois réus.
Como jurada, Iolanda não pôde demonstrar reações durante o júri, mas admite ter vivido "momentos de emoções muito fortes". "[Durante o depoimento] foram dados detalhes sobre o caso e como se encontravam os corpos. Depois foram mostradas fotos, imagens das reconstituições [do crime]."
Outro momento apontado por ela foi o da confissão de Cristian. Em interrogatório, ele negou que tivesse participado das mortes e alegou ter ficado parado perto das vítimas. Disse que o irmão, Daniel, havia golpeado, sozinho, Manfred e Marísia von Richthofen até a morte. Horas depois do depoimento da mãe, Cristian decidiu prestar novo depoimento e confessou sua participação. "Ninguém chora daquele jeito, a não ser que esteja sentindo", disse a aposentada.
Para ela, as fases de depoimentos de informantes e testemunhas do processo e da leitura das peças e exibição de imagens foram decisivas para os jurados decidirem o destino dos réus. "Foi tudo sendo passado, e os jurados tomavam conta dos atos, para que pudesse analisar com calma. Ocorreram os depoimentos, tudo com muita clareza."
Rotina de jurado
O jurado selecionado para atuar cumpre uma rotina de isolamento. Durante todo o júri, ele dorme em alojamento cedido pela própria Justiça, sem poder manter contato com o mundo exterior.
Iolanda, que já foi selecionada para outros julgamentos --"em um dos casos, a pessoa foi absolvida", conta--, não esperava participar do júri do caso Richthofen, que foi considerado o mais esperado do ano em São Paulo. "Sabia que uma infinidade de pessoas queria estar no meu lugar", afirmou.
Ela diz que mensalmente é convocada para se apresentar à Justiça e, no último dia 17, teve a surpresa de ser chamada para o julgamento. "Foi feita a chamada e logo disseram que eu trabalharia no julgamento [do caso Richthofen]. Depois fiz uma lista de objetos pessoais que precisaria, como toalha e roupas, porque não poderia mais deixar o fórum."
Em cinco dias, a aposentada e mais seis jurados tiveram como limites o plenário do 1º Tribunal do Júri, o quarto --individual-- e a sala de refeições. "No quarto havia um banheiro com chuveiro bem gostoso, uma beliche e um guarda-roupas", relata.
O momento de descontração ficava para a hora da refeição. "Aí é só brincadeira. Todos se encontram e procuram descontrair. Falamos de filho, de trabalho." "A gente fica mentalmente cansada", afirma.
Apesar de os jurados se encontrarem fora do plenário para as refeições, não podem comentar sobre o júri e ficam sob vigilância de um funcionário da Justiça.
O jurado também tem a responsabilidade de não fechar os olhos e cochilar durante as sessões, sob pena de anular o júri.
A sentença foi anunciada na madrugada do último sábado, no 1º Tribunal do Júri, no fórum da Barra Funda (zona oeste), após cinco dias de júri. Daniel e Suzane pegaram 39 anos e meio de prisão cada um. A sentença de Cristian foi um ano menor.
"A gente estava lá para assumir e fazer valer o que o Tribunal do Júri e o Estado precisam fazer para que não ocorram crimes deste tipo", disse em entrevista à Folha Online, na noite de sábado. "Eles teriam de ser punidos e fazer valer a lei", afirmou.
Mãe de dois filhos --um rapaz de 19 anos e uma moça de 28--, Iolanda considerou o julgamento como uma "experiência de vida". Para a aposentada, que já atuou em outros júris, o do caso Richthofen foi o que chamou mais a atenção. "Primeiro porque [o crime] foi uma coisa horrorosa. Em segundo lugar porque todas as vezes [nos júris anteriores] as pessoas se arrependiam, choravam, queriam esse perdão. Não que eles [Suzane e Cravinhos] não quisessem, mas foi diferente", disse.
Segundo ela, os irmãos foram muito emotivos, especialmente após o depoimento da mãe, Nadja, que disse ter perdoado os três. Suzane, por sua vez, também chorou em alguns momentos, embora tenha se mostrado mais fria que os outros dois réus.
Como jurada, Iolanda não pôde demonstrar reações durante o júri, mas admite ter vivido "momentos de emoções muito fortes". "[Durante o depoimento] foram dados detalhes sobre o caso e como se encontravam os corpos. Depois foram mostradas fotos, imagens das reconstituições [do crime]."
Outro momento apontado por ela foi o da confissão de Cristian. Em interrogatório, ele negou que tivesse participado das mortes e alegou ter ficado parado perto das vítimas. Disse que o irmão, Daniel, havia golpeado, sozinho, Manfred e Marísia von Richthofen até a morte. Horas depois do depoimento da mãe, Cristian decidiu prestar novo depoimento e confessou sua participação. "Ninguém chora daquele jeito, a não ser que esteja sentindo", disse a aposentada.
Para ela, as fases de depoimentos de informantes e testemunhas do processo e da leitura das peças e exibição de imagens foram decisivas para os jurados decidirem o destino dos réus. "Foi tudo sendo passado, e os jurados tomavam conta dos atos, para que pudesse analisar com calma. Ocorreram os depoimentos, tudo com muita clareza."
Rotina de jurado
O jurado selecionado para atuar cumpre uma rotina de isolamento. Durante todo o júri, ele dorme em alojamento cedido pela própria Justiça, sem poder manter contato com o mundo exterior.
Iolanda, que já foi selecionada para outros julgamentos --"em um dos casos, a pessoa foi absolvida", conta--, não esperava participar do júri do caso Richthofen, que foi considerado o mais esperado do ano em São Paulo. "Sabia que uma infinidade de pessoas queria estar no meu lugar", afirmou.
Ela diz que mensalmente é convocada para se apresentar à Justiça e, no último dia 17, teve a surpresa de ser chamada para o julgamento. "Foi feita a chamada e logo disseram que eu trabalharia no julgamento [do caso Richthofen]. Depois fiz uma lista de objetos pessoais que precisaria, como toalha e roupas, porque não poderia mais deixar o fórum."
Em cinco dias, a aposentada e mais seis jurados tiveram como limites o plenário do 1º Tribunal do Júri, o quarto --individual-- e a sala de refeições. "No quarto havia um banheiro com chuveiro bem gostoso, uma beliche e um guarda-roupas", relata.
O momento de descontração ficava para a hora da refeição. "Aí é só brincadeira. Todos se encontram e procuram descontrair. Falamos de filho, de trabalho." "A gente fica mentalmente cansada", afirma.
Apesar de os jurados se encontrarem fora do plenário para as refeições, não podem comentar sobre o júri e ficam sob vigilância de um funcionário da Justiça.
O jurado também tem a responsabilidade de não fechar os olhos e cochilar durante as sessões, sob pena de anular o júri.
Fonte:
Olhar Direto
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/287944/visualizar/
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