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Internacional
Domingo - 23 de Julho de 2006 às 10:55

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Em Nova York, onde existem milhares de clubes noturnos, dançar se tornou algo proibido e clandestino, de acordo com uma lei de 1926 que o atual prefeito da cidade, Michael Bloomberg, se nega a revogar.

De fato, só 244 estabelecimentos da cidade - uma pequena parte das casas noturnas da cidade - são autorizados a ter pistas de dança segundo a lei, que surgiu como uma tentativa de evitar relações inter-raciais e o ''escândalo público''.

Isso significa que milhões de pessoas que dançam todas as noites nas boates e bares da "cidade que nunca dorme" se expõem a uma multa, ou até provocar o fechamento do local, denunciou um grupo de ativistas, conhecido como "Metropolis in Motion".

A lei de 1926, que nunca foi revogada - embora tenha ficado anos no esquecimento -, foi recuperada pelo ex-prefeito da cidade, Rudolph Giuliani, para fechar dezenas de bares e casas noturnas, como parte de seu projeto de melhorar a "qualidade de vida" e a segurança da cidade.

Agora, o "Metropolis in Motion" denuncia que a lei continua vigente sob o mandato do republicano Bloomberg, que se recusa a revogá-la e a coloca em prática, como mostrou o fechamento de cinco estabelecimentos em Manhattan no mês de abril.

Por isso, o grupo convocou para hoje uma grande concentração de cidadãos, ativistas, dançarinos, rappers e artistas de rua em frente à casa do prefeito, para fazer o que não podem nas casas noturnas: dançar.

"Junte-se a nós e dance ao ar livre para chamar a atenção sobre a antiga e restritiva Lei dos Cabarés da Cidade de Nova York", convocam os ativistas do "Metropolis in Motion", que esperam transformar os arredores da residência oficial em uma grande pista de dança.

"É só uma questão burocrática. Queremos que essa lei tão antiga seja revogada", que só foi feita para evitar que os músicos de jazz tocassem onde havia pessoas de outras etnias, disse à Efe um dos ativistas que compareceram hoje à concentração.

Com o protesto, o grupo pretende derrubar a lei assessorado pela União de Liberdades Civis de Nova York, e pelo professor da Universidade de Nova York, Paul Chevigny.

Depois de uma derrota em abril na Corte Suprema de Manhattan, o grupo planeja apresentar uma apelação em setembro, com o argumento de que a lei viola a liberdade de expressão.

"Acho que dançar socialmente é uma atividade de expressão que deve ser protegida pela Constituição do Estado de Nova York", disse Norman Siegel, ex-presidente da União de Liberdades Civis, ao jornal "Village Voice".

Siegel disse que a revitalização da lei se deve ao ex-prefeito Rudolf Giuliani, que se tornou famoso internacionalmente por ter reduzido os índices de criminalidade nos anos 90.

Considerado o "prefeito da América" por sua atuação nos atentados de 11 de setembro de 2001, Giuliani não só reduziu o número de casas noturnas, como travou uma dura batalha contra as casas de striptease e sexshops da cidade.

"Naquela época, quando alguns moradores reclamavam do barulho das casas noturnas, Giuliani optou por fechar os locais que não tinham licença, em vez de enfrentar o problema real, que era o barulho", disse Siegel em declarações ao jornal gratuito "AM".

Além disso, os ativistas acusam o Departamento de Consumo, que emite as licenças para dançar, de ter consolidado este instrumento como uma ferramenta legítima para controlar a proliferação de casas noturnas na cidade.





Fonte: EFE

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