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Polícia Brasil
Domingo - 23 de Julho de 2006 às 09:55

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Edeilson Silva Sales, 36 anos, e Maria de Lourdes Pereira Cavalcante, 48 anos, foram presos em flagrante e autuados em por estelionato, no início desta madrugada, na 62ª DP, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. A prisão aconteceu na residência onde o casal morava, depois que eles foram acusados de aplicar golpes em mais de duas mil pessoas, cadastradas em uma suposta Organização Não-Governamental (ONG).

As vítimas, a maioria sem-teto de várias partes do Rio, eram atraídas com uma proposta de invadir casas em conjuntos residenciais em construção e tinham que pagar a quantia de R$ 65 para serem cadastradas. Elas eram obrigadas a apresentar documentos, uma fotografia 3x4 e, no ato da inscrição, recebiam a promessa da ocupação.

Na noite de sábado, quando ocorreria a suposta invasão a um conjunto residencial, no bairro da Pavuna, na zona norte do Rio, as vítimas se deram conta de que o casal estava, na verdade, aplicando um golpe contra elas, depois que serem informadas de que a invasão teria que ser adiada mais uma vez.

O grupo foi acionado para se concentrar a partir das 22 horas em frente a Igreja Universal do Reino de Deus, em Nova Campinas, de onde partiriam para a Pavuna. As pessoas foram orientadas a não falar sobre a invasão, não levar crianças e nem usar telefone celular.

Aos curiosos e até para os familiares, teriam que dizer que estavam reunidas para ir a um show gospel. Todas tinham consciência de que cometeriam um ato irregular, mas, como aconteceu em outros lugares, sabiam que havia também a possibilidade de negociar e efetivar a permanência na residência.

Enquanto as pessoas se reuniam, policiais do 15º BPM, de Duque de Caxias, receberam diversas denúncias de que um grupo estaria se reunindo na residência do casal - local usado para o cadastramento - para invadir residências. A polícia chegou ao local, prendeu o casal e levou algumas das vítimas para a delegacia.

Em depoimento prestado ao delegado Georges Tothe, Maria de Lourdes contou que em dezembro passado conheceu um homem identificado como Augusto César, que a convidou a fazer cadrasto de pessoas de baixa renda que necessitam de casas para morar. Depois de orientada, passou a fazer o cadastramento de pessoas na casa dela e seu companheiro, Edeilson, passou a trabalhar junto com ela.

Durante todo esse tempo, ela afirma que nunca participou de invasões, mas o dinheiro era repassado para o Augusto César, com quem sempre se encontrava na Praça da Pavuna. Do total arrecadado, segundo Maria de Lourdes, parte lhe era repassado como pagamento pelo trabalho. Na casa dela, a polícia encontrou pelo menos sete listas com nomes de pessoas, telefones e endereços, além de milhares de carteirinhas com as fotos de todos os cadastrados.

David Willian Santos França, 24 anos, esteve na delegacia para fazer queixa contra o casal. Ele disse que soube da inscrição no trabalho de uma prima, em Ipanema. Disse que tem casa própria, mas resolveu conferir, já que conseguiria a casa por apenas R$ 65 e isso o ajudaria.

Ele se inscreveu há um mês e 15 dias e, durante este período, a ocupação do conjunto residencial foi adiada por duas vezes. Constantemente eram feitas reuniões, onde eles eram orientados a não falar sobre as invasões para que eles não fossem seguidos por pessoas que não estavam cadastradas. Na noite de sábado, a invasão seria a um conjunto residencial do governo do Estado, na Pavuna. "Eles falaram que a ocupação seriam em casas da Rosinha", revelou.

Edeilson e Maria de Lourdes poderão pegar de um a cinco anos prisão, com o agravante de causar glamour social, segundo revelações do delegado Georges Tothe, que, tão logo tenha a identificação de Augusto César, vai pedir a prisão preventiva dele.





Fonte: O Dia

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