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Internacional
Sábado - 22 de Julho de 2006 às 11:00

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A família de Jean Charles de Menezes depositou uma coroa de flores neste sábado do lado de fora da estação de metrô londrina onde, há um ano, ele foi morto a tiros pela polícia. Um pequeno grupo de amigos e familiares se reuniu na porta da estação de Stockwell, no sul de Londres, para realizar uma breve homenagem ao eletricista mineiro de 27 anos, que recebeu sete tiros na cabeça quando entrava em um vagão do metrô, após ser confundido erroneamente pela polícia com um homem-bomba.

"Este é um dia de lembrança, um dia de grande dor", disse o porta-voz da família Menezes, Assad Rehman, ao grupo de 60 pessoas, muitas delas usando as cores verde e amarelo. "Parece que foi ontem que Jean esteve aqui, que nos foi arrebatado", acrescentou.

De pé junto a um monumento provisório em homenagem a Jean Charles, Rehman reiterou o pedido da família para que seja realizada uma investigação completa das circunstâncias exatas de sua morte.

Entre o grupo que assistiu à homenagem estava a integrante do Parlamento para a região, Kate Hoey, do Partido Trabalhista.

Policiais confundiram o brasileiro com um possível homem-bomba e perseguiram Jean Charles quando ele entrava na estação. Dois dos oficiais dispararam sete tiros na cabeça do eletricista, depois que ele já tinha entrado no vagão do metrô.

No último dia 17 de julho, a Justiça britânica decidiu que os policiais envolvidos na morte do brasileiro não seriam indiciados por crime algum, já que eles "acreditavam verdadeiramente que o senhor Menezes era um homem-bomba". Em vez disso, a Polícia Metropolitana Britânica será processada com base nas leis de segurança e saúde pelo episódio. A família de Jean Charles disse que a decisão da justiça britânica de processar os policiais sob uma lei que costuma ser usada para resolver incidentes menores em locais de trabalho era "vergonhosa". "Para mim, Jean foi assassinado devido ao preconceito... poderia ter sido eu", disse Cleverson Souza, eletricista brasileiro de 37 anos que mora em Londres e participou da cerimônia neste sábado. O assassinato de Jean Charles, em 2005, aconteceu em meio a uma histeria que tomou conta de Londres ante a ameaça de ataques suicidas. Quinze dias antes do episódio, quatro extremistas britânicos explodiram bombas em trens do metrô e em um ônibus na capital inglesa, matando 52 pessoas. As circunstâncias da morte do brasileiro foram discutidas calorosamente e Jean Charles virou uma espécie de mártir para os que acusam a polícia de ignorar os direitos civis em meio a sua guerra ao terror. O chefe da Scotland Yard, Ian Blair, foi fortemente criticado pelo incidente e sofreu grande pressão para renunciar ao cargo.




Fonte: Reuters

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