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Internacional
Sábado - 22 de Julho de 2006 às 10:12

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Dezenas de famílias deslocadas pelos bombardeios israelenses contra Beirute retornaram hoje a Dahie, bairro do sul da capital, para tentar apanhar os poucos pertences que escaparam da destruição na região.

No bairro de Hadi Nasrallah, nome do filho do líder do Hisbolá morto em 1997 em uma operação israelense no sul do Líbano, são poucas as casas que não foram afetadas, de uma ou outra maneira, pelas bombas lançadas pelo Exército de Israel.

"Meu edifício está completamente destruído, meu carro ficou sob os escombros. Isto é tudo o que resta da minha casa", explicou Ali à Efe enquanto assinalava as duas bolsas nas quais se concentravam seus poucos pertences.

"Embora não tenha mais roupas, meu coração é forte", disse antes de sair junto a sua mulher fazendo o sinal da vitória com os dedos.

Poucos carros circulam pela área, todos carregados das poucas coisas que foram recuperadas nos escombros. Apesar da tristeza que refletem seus rostos, os libaneses gritam palavras de ordem de apoio à "Resistência Islâmica", o Hisbolá.

Várias ruas, no entanto, ficaram completamente intransitáveis já que os escombros as enchem de tal forma que é impossível ver a calçada.

Um cartaz de "Perigo de morte" alerta sobre o risco da área que parece deserta, mas na qual, à medida que os jornalistas guiados pelo Hisbolá entram, vão aparecendo milicianos armados a cada esquina e edifício.

Uma das casas ainda exala fumaça. Dali sai um cheiro ardido que fica na garganta e que é o único capaz de sobrepor o odor do lixo que se amontoa por todas as partes. "Só querem matar todos nós, não estão lutando contra o Hisbolá.

(Hassan) Nasrallah, líder do Hisbolá, disse a eles que se quisessem acabar com o movimento, que entrassem e nos enfrentassem, mas (os israelenses) não se atrevem e por isso acabam com as mulheres e as crianças", afirmou um libanês que tinha voltado para apanhar alguns pertences após dez dias de bombardeios incessantes.

A roupa ainda pendurada nas janelas e as bandeiras de diferentes países em apoio às seleções no Mundial de futebol lembram que esta área, a mais povoada de Beirute, foi, até muito poucos dias, um lugar de atividade incessante.

As lojas que ocupam o térreo também não escaparam da destruição.

Mohamad, proprietário de uma loja de música, alegra-se ao ver os discos que pode recuperar.

"Não sei o que vou a fazer com eles, mas não os vou deixá-los aqui jogados pelo chão depois do trabalho que tive para abrir a loja", diz com o olhar perdido.

Mohamad pede ao jornalista que o acompanhe e, sob o olhar atento de um miliciano vestido de preto, mostra um quarteirão onde nada ficou de pé.

"Aqui vivíamos minha família e eu. Agora não há nada. Não é só nosso problema, nós conhecemos todo mundo neste bairro e agora ninguém sabe o que vai a ser de nós", acrescenta.

No entanto, e embora tenha que se esforçar para que as lágrimas corram, seu rosto se ilumina quando passa em frente a um cartaz caído no chão. Dá a volta e o apóia contra a parede para mostrar que é uma imagem, das inumeráveis que enchiam a área, de Hassan Nasrallah, o líder do Hisbolá, e assegura convencido: "Ele nos ajudará a passar por isto".





Fonte: EFE

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