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Economia
Sábado - 22 de Julho de 2006 às 07:49

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) autuou duas novas propriedades de Mato Grosso pelo plantio ilegal de algodão transgênico. Outras três fazendas de Goiás também foram notificadas pela fiscalização federal. Com isso, sobe de 20 para 25 o número de empreendimentos rurais que plantavam algodão geneticamente modificado de forma irregular no país. Ocorrências foram registradas também no Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia.

O coordenador de Fiscalização de Sementes e Mudas do Mapa, José Neumar Francelino, não soube confirmar quantas propriedades foram autuadas no Estado desde o início do trabalho de fiscalização, em maio, nem os municípios onde foram registradas as ocorrências.

De acordo com informações passadas ao Diário pelo coordenador de Biossegurança do Mapa, Marcus Vinícius Segurado Coelho, até o início do mês a fiscalização havia encontrado 10 lavouras irregulares no Estado, o que indica que agora o número saltou para 12. Ontem, ele foi procurado para confirmar a informação, mas não estava no ministério. A secretária do setor de biossegurança não quis informar o número do telefone celular de Coelho.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), informada das ocorrências durante reunião realizada na quinta-feira (20), também foi procurada. A assessoria de imprensa do organismo federal informou que somente o Mapa pode passar informações sobre o assunto.

O coordenador de Pesquisa em Biotecnologia da Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa), Álvaro Salles, acredita que é possível que novas lavouras de algodão transgênico tenham sido encontradas em Mato Grosso. Porém, ele não soube confirmar o número exato de propriedades notificadas pelo Mapa.

De acordo com Francelino, desde maio, 55,5 mil hectares de algodão foram fiscalizados em Mato Grosso. Isto representa 36% de toda área submetida à análise no país e 15,58% do território plantado do Estado.Segundo ele, em Mato Grosso foram encontradas lavouras irregulares em cerca de 3,5% da área monitorada. Francelino diz que o trabalho de fiscalização nas propriedades mato-grossenses de algodão já foi concluído.

Ainda de acordo com informações do coordenador, o Mapa começará a verificar as unidades de beneficiamento de caroço de algodão. “A colheita do grão já está em fase final. Agora vamos averiguar o segmento de sementes”, frisa.

EXPLICAÇÃO -- Salles defende que diante da crise pela qual passa o setor agrícola, os produtores tenham lançado mão de sementes de algodão transgênico como forma de reduzir os custos de produção da lavoura. Ele calcula que com o uso das variedades geneticamente modificadas o ganho chegue a US$ 200 por hectare.

Salles aponta que os custos totais de produção por hectare somam cerca de US$ 500. Ele lembra que as variedades transgênicas não são resistentes a todos os tipos de doença.

A tecnologia Bollgard 1 e 2 (BT1 e BT2, respectivamente), por exemplo, garante resistência ao ataque de lagartas. Entre elas, apenas o plantio da variedade BT1, produzida pela Monsanto, está autorizada pela CTNBio. O algodão Roundup Ready (RR), também da Monsanto, é resistente a herbicidas. A modificação genética é a mesma encontrada nas sementes de soja RR, já liberada comercialmente no caso da oleaginosa.

Salles destaca ainda que o uso de sementes da fibra transgênicas é mais seguro, uma vez que os índices de intoxicação tendem a ser nulos sem a utilização de agroquímicos. Para ele isto beneficia principalmente os pequenos agricultores, que muitas vezes não dispõe de equipamentos adequados para fazer a pulverização. A tecnologia elimina ainda a contaminação ambiental.

“A época de aplicação de agrotóxicos nas lavouras normalmente coincide com o período chuvoso. Isto faz com que haja contaminação do leito dos rios”, ressalta.

Apesar de favorável a liberação do uso de sementes transgênicas, o coordenador de Pesquisa em Biotecnologia da Ampa diz que a entidade recomenda que a legislação seja cumprida. “Orientamos os produtores a não plantarem variedades geneticamente modificadas”, salienta. Ele considera, porém, que o impedimento do uso de variedades de algodão transgênicas envolve questões políticas e não técnicas. “Tecnicamente não há nada que impeça a autorização da comercialização das variedades”, pondera.




Fonte: Diário de Cuiabá

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