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Promotoria alega preconceito social para convencer júri do caso Richthofen
Os três representantes do Ministério Público acusaram a tese de defesa de Suzane von Richthofen, 22, de preconceito social para tentar convencer os jurados a condená-la pela participação na morte de seus pais. A argumentação da Promotoria foi marcada pela emoção provocada nos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, que tentaram abraçar-se, buscando consolo, durante a acusação.
Suzane, o então namorado dela, Daniel, e o irmão dele, Cristian, são réus confessos no processo que os acusa de ter planejado e matado a golpes de bastões o casal Manfred e Marísia von Richthofen, na casa em que a família morava, na zona sul de São Paulo, em outubro de 2002.André Porto/Folha Imagem
Algemada, Suzane deixa o 89 DP, onde passou a noite, e vai para júri
O primeiro a falar nesta tarde foi o promotor Roberto Tardelli. Ele retratou Suzane como esnobe e fez referências às primeiras versões dadas por ela para o crime, que apontavam ex-empregados como suspeitos; e ao "espírito do nêgo". Segundo Suzane, Daniel relatava ameaças feitas pelo tal espírito que exigiam o "sacrifício" dos pais dela. Suzane teria acreditado nas exigências sobrenaturais.
"Na mente superior, eram pessoas facilmente culpáveis [os ex-empregados]. 'O crime foi cometido por uma gentalha'. Sabe aquela chamada de empregados domésticos, que a gente dá tudo e trai a gente? Então. 'Nêgo da favela, traficante, que aparece para o Daniel e eu acreditava'."
Tardelli fez referências também à cidade de Taboão da Serra e ao bairro do Capão Redondo, que são áreas carentes, com altos índices de criminalidade.
O segundo representante, Nadir de Campos Junior, que é negro, apresentou-se como a própria encarnação do "espírito do nêgo". "O 'espírito do nêgo' agora chegou, Suzane. Estou aqui. Somos só eu e você agora." Ele disse ainda que a moça "se esqueceu" que "seus julgadores também são negros".
Por fim, falou o assistente de acusação, Alberto Toron. Ele se apresentou como representante da família e definiu para os jurados uma figura do direito americano chamada "broken homes", ou "lares quebrados". "Quando a gente fala em um crime bárbaro e cruel, pensamos sempre no que ocorre nas favelas, com pessoas que vieram de lares partidos. Mas essa era uma família bem-estruturada."
Na sessão está sendo realizado o debate entre acusação e defesa. Primeiro, o Ministério Público teve três horas para acusar os réus. Após um breve recesso, as defesas de Suzane e dos irmãos Cravinhos dividirão um espaço de três horas. Em seguida, a Promotoria e as defesas terão uma hora cada uma para réplica e tréplica. O júri se reúne após os debates.
O júri, que é considerado o mais esperado do ano em São Paulo, acontece no plenário do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, no fórum da Barra Funda (zona oeste de São Paulo). A expectativa é que a sentença seja conhecida entre a noite desta sexta e a madrugada de sábado (22).
Suzane, o então namorado dela, Daniel, e o irmão dele, Cristian, são réus confessos no processo que os acusa de ter planejado e matado a golpes de bastões o casal Manfred e Marísia von Richthofen, na casa em que a família morava, na zona sul de São Paulo, em outubro de 2002.André Porto/Folha Imagem
Algemada, Suzane deixa o 89 DP, onde passou a noite, e vai para júri
O primeiro a falar nesta tarde foi o promotor Roberto Tardelli. Ele retratou Suzane como esnobe e fez referências às primeiras versões dadas por ela para o crime, que apontavam ex-empregados como suspeitos; e ao "espírito do nêgo". Segundo Suzane, Daniel relatava ameaças feitas pelo tal espírito que exigiam o "sacrifício" dos pais dela. Suzane teria acreditado nas exigências sobrenaturais.
"Na mente superior, eram pessoas facilmente culpáveis [os ex-empregados]. 'O crime foi cometido por uma gentalha'. Sabe aquela chamada de empregados domésticos, que a gente dá tudo e trai a gente? Então. 'Nêgo da favela, traficante, que aparece para o Daniel e eu acreditava'."
Tardelli fez referências também à cidade de Taboão da Serra e ao bairro do Capão Redondo, que são áreas carentes, com altos índices de criminalidade.
O segundo representante, Nadir de Campos Junior, que é negro, apresentou-se como a própria encarnação do "espírito do nêgo". "O 'espírito do nêgo' agora chegou, Suzane. Estou aqui. Somos só eu e você agora." Ele disse ainda que a moça "se esqueceu" que "seus julgadores também são negros".
Por fim, falou o assistente de acusação, Alberto Toron. Ele se apresentou como representante da família e definiu para os jurados uma figura do direito americano chamada "broken homes", ou "lares quebrados". "Quando a gente fala em um crime bárbaro e cruel, pensamos sempre no que ocorre nas favelas, com pessoas que vieram de lares partidos. Mas essa era uma família bem-estruturada."
Na sessão está sendo realizado o debate entre acusação e defesa. Primeiro, o Ministério Público teve três horas para acusar os réus. Após um breve recesso, as defesas de Suzane e dos irmãos Cravinhos dividirão um espaço de três horas. Em seguida, a Promotoria e as defesas terão uma hora cada uma para réplica e tréplica. O júri se reúne após os debates.
O júri, que é considerado o mais esperado do ano em São Paulo, acontece no plenário do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, no fórum da Barra Funda (zona oeste de São Paulo). A expectativa é que a sentença seja conhecida entre a noite desta sexta e a madrugada de sábado (22).
Fonte:
Terra
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/288274/visualizar/
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