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Internacional
Quinta - 20 de Julho de 2006 às 09:41

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CÓRDOBA, Argentina - A Cúpula do Mercosul começou por volta das 8h30 desta quinta-feira sob um forte de esquema de segurança e mistério em torno da presença ou não do ditador de Cuba, Fidel Castro, fato que parece chamar todas as atenções. Os ministros das áreas econômicas e presidentes dos bancos centrais dos cinco países sócios, mais os associados, terão um café da manhã. O conteúdo da agenda de discussões não foi divulgado e os assessores tratam o assunto com total discrição.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem o embarque para Córdoba marcado para às 14h30, com chegada às 17 horas. Lula irá direto do aeroporto para o Hotel Sheraton, onde se hospedará e manterá uma reunião bilateral com o presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, às 19 horas. Logo depois, irá para o Palácio Fereyra, onde o anfitrião Néstor Kirchner oferecerá um jantar em homenagem aos "colegas". Na ocasião, se pretende realizar a foto oficial da 30ª Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul.

Festa populista Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Fidel Castro (de chegada ainda incerta até à noite) prometem fazer a festa populista do evento paralelo, liderado por organizações não governamentais como as Madres de la Plaza de Mayo, na sexta-feira. Chávez planeja reiterar o convite para que a Bolívia seja o próximo país a integrar plenamente o o bloco, uma proposta já realizada há algumas semanas, em Caracas, por ocasião da assinatura da adesão da Venezuela.

Na quarta-feira, entre a delegação venezuelana, se especulava que Chávez se apresentará como padrinho boliviano para sua adesão, com a proposta de um cronograma de adesão mais flexível que o aplicado para a Venezuela. A idéia não entusiasma o Brasil, quem acredita que "o momento não é muito adequado para a empreitada, já que há uma diferença muito grande entre os dois países no que diz respeito à renegociação dos contratos de fornecimento de gás boliviano ao Brasil", conforme explicou uma fonte brasileira.



Campanha Além disso, "o Brasil não está fazendo nenhuma campanha para conquistar novos sócios. As regras do Mercosul estão aí e quem puder adaptar-se à elas será recebido como sócio", completou outra fonte da delegação brasileira. Embora os presidentes dos cinco países sócios (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e, por último, Venezuela) queiram dar à essa cúpula o enfoque de uma "retomada do impulso político ao Mercosul", sem que os conflitos bilaterais interfiram no "sucesso" do encontro, se comenta que haverá oportunidades para que Lula e Kirchner realizem algumas reuniões paralelas para encaminhar soluções aos problemas bilaterais. Encontro com Morales Pelo menos é isso o que se especula nos bastidores do evento. Por exemplo, Lula poderia aproveitar para ter a tão pedida reunião que Morales vem solicitando para "acertar os ponteiros" da negociação sobre o gás e facilitar o entendimento com a Petrobras. Nas delegações de ambos países, os consultados negaram que alguma reunião esteja prevista mas não descarta que isso possa ocorrer. Situação similar se repete com o argentino Néstor Kirchner, quem, nesta cúpula, não tem nenhuma diferença para tratar com o Brasil. Mas, por outro lado, se encontra de saia justa com quatro países: Uruguai, Paraguai, Chile e até Cuba. Com Tabaré Vázquez, o assunto continua em torno da construção das fábricas de celulose às margens do rio Uruguai, na cidade de Fray Bentos. Vázquez pretende reiterar a proposta de criação de uma comissão binacional para monitorar as obras e definir se efetivamente existe contaminação potencial da região.

Argentina x Chile Kirchner terá que acalmar a presidente chilena, Michelle Bachelet, sobre sua decisão de subir o preço dos combustíveis vendidos na fronteira com valores diferenciados para os estrangeiros, e também a elevação do custo do gás exportado ao mercado chileno. Michelle anda desconfiada sobre o fornecimento de gás por parte da Argentina e quer uma garantia de Kirchner de que não faltará o produto para atender a demanda de seu país.

Os detalhes técnicos de ambos assuntos serão discutidos pelos ministros de Planejamento da Argentina, Julio De Vido, e de Energia do Chile, Karen Poniachic, durante café da manhã nesta sexta-feira. Se Fidel Castro realmente desembarcar em Córdoba, Kirchner manteria uma reunião particular com ele, na qual discutiriam a situação da médica Hilda Molina, proibida de sair da ilha de Castro para visitar o filho e os netos que vivem na Argentina.

Com Nicanor Duarte Frutos não haveria um novo encontro, já que ambos se reuniram na última segunda feira. Dessa reunião ficou o mal estar por parte do paraguaio, quem esperava que Kirchner perdoara uma dívida de aproximadamente US$ 5 milhões, contraídas pela hidrelétrica binacional Yacyretá. O máximo de Duarte Frutos conseguiu de Kirchner foi a criação de uma comissão para estudar o assunto.





Fonte: Agência Estado

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