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Internacional
Quarta - 19 de Julho de 2006 às 18:00

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, expressou hoje confiança na hipótese de obter um acordo com o Chile que permita a seu país recuperar um acesso ao Pacífico, embora os bolivianos estejam um pouco céticos frente a essa possibilidade. "O mar nos distanciou do Chile, o mar nos dividiu e o mar precisa nos unir. O mar precisa nos juntar para que busquemos soluções", declarou Morales, referindo-se ao acordo obtido nesta terça-feira em La Paz pelos vice-chanceleres dos dois países, e que inclui na agenda bilateral a reivindicação boliviana de acesso ao mar.

"Tenho muitas esperanças de que pouco a pouco seguiremos resolvendo (o assunto), com a confiança do povo chileno", acrescentou o governante boliviano, que ressaltou a importância de Michelle Bachelet ser presidente do Chile para que soluções sejam encontradas, porque, da mesma forma que os indígenas que ele representa, ela vem de um setor excluído, que é o feminino.

No documento definido na véspera entre os vice-chanceleres do Chile, Alberto Van Klaveren, e da Bolívia, Mauricio Dorfler, ficou em evidência o "tema marítimo", além da integração fronteiriça, o livre trânsito de mercadorias e pessoas, a complementação econômica e a controvérsia sobre as águas fronteiriças do rio Silala.

Horas depois das declarações de Morales, Bachelet assegurou hoje em Santiago que seu Governo está disposto a dialogar "sem exclusões" com a Bolívia, mas que se manterá firme em respeito aos tratados que determinaram a fronteira entre ambos os países.

"Com a Bolívia, queremos ter um diálogo com uma agenda de futuro, sem exclusões e com respeito a todos os tratados internacionais", ressaltou Bachelet à imprensa de seu país.

Os limites entre Bolívia e Chile foram fixados após a guerra do Pacífico (1879-1883), na qual o Exército boliviano, em aliança com o do Peru, perdeu, em combate com tropas chilenas, 400 quilômetros de litoral e 12 mil quilômetros quadrados de superfície.

As atuais autoridades bolivianas ainda não se pronunciaram sobre a interpretação de Santiago sobre o documento, devido à viagem do chanceler, David Choquehuanca, e de Dorfler à cidade argentina de Córdoba para a realização da 30ª Cúpula do Mercosul.

Morales viajará a Córdoba amanhã, e um dia depois se reunirá precisamente com Bachelet, segundo fontes oficiais de La Paz.

O legislador governista do Movimento Ao Socialismo (MAS) Guido Guarda, presidente de Comissão de Política Internacional do Senado, afirmou, no entanto, que se o Chile mantiver uma posição rígida sobre o assunto, a Bolívia pode "sobreviver sem mar".

"Podemos usar o Atlântico tranqüilamente", acrescentou Guarda, embora tenha ressaltado que sua nação não pode abandonar a reivindicação feita ao Chile e que o Legislativo está apoiando as gestões do Executivo com um convite a uma comissão oficial do Parlamento chileno para que visite o território boliviano.





Fonte: Terra

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