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Cidades/Geral
Quarta - 19 de Julho de 2006 às 10:41

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O poder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que vem promovendo ataques por todo o Estado de São Paulo desde maio, é maior do que as autoridades paulistas admitem. A organização estendeu suas operações por pelo menos oito estados, de acordo com a CPI do Tráfico de Armas, especialmente na área da Tríplice Fronteira. Segundo o juiz federal Odilon de Oliveira, responsável pelo enfrentamento do crime organizado no Mato Grosso do Sul — e jurado de morte —, a facção vem marcando presença no Estado vizinho.

Um dos principais responsáveis pela prisão de bandidos ligados ao narcotráfico na região, Oliveira afirma: o PCC tem um exército bem estruturado na divisa brasileira com o Paraguai. “A facção é capaz de resgatar presos, seqüestrar autoridades por terra ou pelo ar, e tem capacidade para ordenar rebeliões nas penitenciárias”, disse. Autoridades sul-matogrossenses vêm sendo alvos de ameaças de bandidos. O juiz criminal Eduardo Maguinelli Júnior e o diretor da Penitenciária de Naviraí, Joaquim Hellis Alves, de acordo com denúncias, seriam seqüestrados e trocados por prisioneiros.

Oliveira avalia que, mesmo diante da possibilidade de a informação ser falsa, a simples ameaça deve ser encarada como real e as autoridades precisam tomar todas as precauções necessárias. “São homens que comandam o narcotráfico e os crimes de pistolagem dentro do Paraguai e na fronteira com o Mato Grosso do Sul e o Mato Grosso”, lembra. Ele cita exemplos da ação da facção: em 2004, foram resgatados presos da cadeia de Ponta Porã (MS) em plena luz do dia. “O líder maior na região é Milton César Zerona, que está preso em Assunção (capital do Paraguai), juntamente com seu braço direito, Clauderi Lopes Faria.”

As informações coincidem com os dados obtidos pela CPI do Tráfico de Armas sobre a atuação de bandidos em pelo menos oito estados — Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Paraná, além de São Paulo. De acordo com a CPI, em Pernambuco já foram identificadas 41 pessoas ligadas ao PCC.

Outra área de influência da facção é o extremo sul do Mato Grosso do Sul. Em Naviraí foi inaugurada no início deste ano a penitenciária, construída para ser um estabelecimento de segurança máxima. A unidade recebeu líderes das rebeliões promovidas no estado entre 12 e 13 de maio, coincidentemente, na mesma época em que eclodiu a primeira onda de ataques do PCC em São Paulo, com motins no sistema penitenciário paulista. Em Mato Grosso do Sul foram destruídos os três maiores presídios do estado: Campo Grande, Três Lagoas e Dourados. O presídio de Naviraí abriga agora 120 detentos ligados a essas rebeliões. Todos são, comprovadamente, ligados direta ou indiretamente a facções criminosas que agem fora das prisões.

Na sexta-feira passada, policiais do setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul descobriram informações sobre o seqüestro do juiz de Naviraí e o diretor da penitenciária da cidade, bem como a existência de plano para o resgate de oito bandidos na Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande. Os bandidos também se preparavam para uma possível rebelião na Penitenciária Harry Amorim Costa, em Dourados, e no presídio de Corumbá, na região do Pantanal. Por conta disso, o estado reforçou a segurança, deslocando 120 membros da Força Nacional de Segurança Pública, ligada ao Ministério da Justiça, para a região.

Homens da Força Nacional realizaram vistorias nas penitenciárias de Campo Grande, Dourados e Corumbá. Em Naviraí, a tropa cercou o presídio, montando barreiras nas rodovias e ruas que dão acesso à cidade. Segundo o coordenador dos trabalhos em Naviraí, o capitão da Polícia Militar Gilberto Santana, o dia ontem foi tranqüilo. O estado de alerta total deverá continuar durante a semana, enquanto transcorrem investigações para apurar a origem das ameaças.





Fonte: 24HorasNews

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