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Nacional
Segunda - 17 de Julho de 2006 às 23:20

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Daniel Cravinhos, 25, foi o primeiro dos três réus acusados de planejar e matar o casal Manfred e Marísia von Richthofen em outubro de 2002, a ser interrogado, na tarde desta segunda-feira, no plenário do 1 Tribunal do Júri de São Paulo. Ele eximiu o irmão, Cristian, também réu no processo, de ter desferido golpes contra as vítimas, e tentou desmoralizar a família Richthofen.

Segundo Daniel, o crime foi elaborado pela filha do casal e sua então namorada, Suzane, 22, ainda no primeiro ano do relacionamento. Ele disse que era de conhecimento de todas as pessoas que conviviam com os dois que Suzane tinha uma péssima relação com os pais.

"Ela falava para todo mundo que queria se livrar dos pais, que queria que um avião caísse com os dois dentro."

Segundo Daniel, Suzane planejava matar os pais com um revólver pertencente a Manfred. A arma seria a mesma testada dias antes do crime. Em outras ocasiões, ela teria concebido matá-los provocando um acidente de trânsito, ao arrancar a mangueira do freio do carro da família. "Se não fosse desse jeito [com golpes enquanto o casal dormia], seria de outro."

Daniel disse que Suzane justificava os planos com relatos de agressões. Ele disse ter presenciado os pais agredindo a moça fisicamente ao menos uma vez, em um sítio da família. Segundo ele, Marísia agrediu a filha no rosto, com um tamanco, depois de acusá-la de ter desobedecido o pai ao tomar um sorvete. O casal, ainda de acordo com Daniel, estava embriagado.

O rapaz também acusou Manfred de abusar sexualmente da filha, sempre citando supostas conversas com Suzane. Ele disse que chegou a notar hematomas na pele da jovem, em uma viagem. Suzane, na época, teria relutado em vestir um biquini, por causa das marcas de violência.

Segundo Daniel, Suzane dizia que o pai se aproveitava das brigas entre os dois para tocar as partes íntimas dela. Ela teria, inclusive, medo de ser agredida enquanto dormia. Suzane teria planejado fugir de casa em diversas ocasiões, mas teria sido impedida pelo próprio Daniel.

No interrogatório, Daniel ainda disse que não tinha conhecimento do envolvimento de Andreas nos planos da irmã. Ele classificou o jovem como "seu melhor amigo" e disse que nunca teve interesse financeiro, em seu relacionamento com Suzane.

"Eu comecei a trabalhar muito cedo, com 14 anos. Com 15, era independente dos meus pais. Eu tinha casa, comida e roupa lavada. Ganhava entre R$ 2.000 e R$ 2.500 [como instrutor de aeromodelismo]. Eu não precisava nem ser sustentado por meus pais, quanto mais por outra pessoa."

Júri

O júri do caso Richthofen é considerado o mais esperado do ano em São Paulo. Manfred e Marísia foram golpeados enquanto dormiam, em casa, no Brooklin (zona sul de São Paulo).

O julgamento deveria ter ocorrido em junho. A sessão foi adiada depois que os advogados de Suzane abandonaram o plenário, antes da instauração do júri, em protesto contra a decisão do juiz que presidia a sessão, Alberto Anderson Filho, de ignorar a ausência de uma testemunha da defesa e prosseguir com os trabalhos.

Na ocasião, os advogados dos irmãos Cravinhos sequer compareceram ao tribunal. Eles alegaram cerceamento da defesa, pois não haviam conseguido encontrar-se com os clientes na semana anterior à data.





Fonte: Folha Online

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