Israel mantém operações contra Gaza e instituições do Hamas

A aviação israelense atacou hoje novamente um Ministério do Governo do movimento islâmico Hamas na Faixa de Gaza, a outra frente que Israel tem aberta. Helicópteros "Apache" do Exército israelense atacaram o Ministério da Economia de madrugada em uma operação que não deixou vítimas. Mas, em outros ataques, duas pessoas morreram e outras oito ficaram feridas. Os escritórios dos líderes do Hamas, que lidera o Governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP), estão sendo alvo do Exército israelense, que já atacou os ministérios de Assuntos Exteriores, do Interior e até os escritórios do primeiro-ministro Ismail Haniyeh.

Os ataques visam pressionar para que o Hamas liberte o soldado israelense seqüestrado em 25 de junho por militantes de três grupos rebeldes liderados pelo braço militar dessa organização islâmica, mas também pretendem deter o lançamento de foguetes Qassam contra Israel a partir do norte de Gaza. Além deste ataque, outros três incidentes foram registrados hoje. Um não deixou vítimas, pois o foguete, lançado também por um helicóptero "Apache", caiu de madrugada em uma área vazia. Os outros dois deixaram mortos e feridos. Um dos bombardeios ocorreu contra a casa onde vivia um professor da Universidade Islâmica e membro do Hamas. Segundo vizinhos, aviões F16 israelenses lançaram pelo menos uma bomba contra a casa do professor, destruindo totalmente a casa de dois andares. O porta-voz do hospital de Shifa, Jom''a Al Saqa, informou que o centro recebeu hoje o corpo de uma pessoa cujo rosto estava irreconhecível, assim como oito feridos, um deles com gravidade, entre os quais há um bebê de 8 meses. Segundo fontes militares israelenses, na casa eram fabricados foguetes Qassam para serem lançados contra Israel. Na quarta-feira passada, a aviação israelense bombardeou a casa de outro professor da Universidade Islâmica, matando, além dele, sua mulher e os sete filhos do casal. Em outro incidente, um jovem de 18 anos morreu hoje ao ser atingido diretamente por um míssil lançado por um helicóptero na cidade de Dier al-Balah. Segundo o Exército israelense, o jovem estava em um terreno de onde se disparam mísseis Qassam. Ontem de madrugada, o Exército israelense bombardeou os escritórios de cinco deputados do Hamas no norte da Faixa de Gaza, mas esta operação não causou vítimas. Nesse mesmo dia, o Exército retirou suas tropas do centro e centro-sul da faixa, e agora permanece somente perto da fronteira com o Egito, para evitar que o soldado mantido em cativeiro, Gilad Shalit, seja retirado do território. O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, falou hoje, por telefone, com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, para debater as operações israelenses contra a Faixa de Gaza e o Líbano, assim como a situação humanitária em Gaza e na fronteira com o Egito. Enquanto isso, o Comitê de Acompanhamento das Facções Palestinas pediu hoje às nações árabes que comecem a negociar com Israel para trocar os três soldados mantidos em cativeiro por presos palestinos e libaneses em prisões israelenses. A captura do soldado israelense por grupos palestinos e o seqüestro de dois militares pelo grupo guerrilheiro xiita Hisbolá deflagraram as operações de Israel contra Gaza e Líbano. O Exército israelense considera que entre os objetivos da operação do Hisbolá de captura dos soldados estava reduzir a pressão de Israel sobre Gaza, informaram hoje fontes de seus serviços de inteligência sob condição de anonimato.