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Nacional
Sexta - 14 de Julho de 2006 às 12:43

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Condenado a 30 anos de prisão pelo seqüestro do publicitário Washington Olivetto, em 2001, o chileno Mauricio Hernandez Norambuena ensinou, na cadeia, táticas de terrorismo aos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo investigações dos serviços de inteligência das secretarias da Segurança Pública e da Administração Penitenciária, teriam partido do seqüestrador as idéias para que os soldados da facção atacassem agências bancárias com a finalidade de "tentar desestabilizar a ordem financeira".

Na lógica do criminoso, os atentados deveriam sempre ocorrer em horários em que os estabelecimentos estivessem fechados, sem usuários ou funcionários, para não criar antipatia popular.

O mesmo princípio valeria para os atentados às revendedoras de veículos e para os incêndios criminosos contra os ônibus urbanos, que, por ordem do PCC, só devem ser queimados sem que os passageiros estejam dentro.

Considerado pelos líderes do PCC como um "irmão", Norambuena é tratado pela facção como Comandante Ramiro ou de "jefatura" (chefia, em espanhol) na prisão de segurança máxima de Presidente Bernardes (589 km de SP).

Norambuena era o chefe de um dos ramos da FPMR (Frente Patriótica Manuel Rodríguez), organização de extrema esquerda que pregava a revolução socialista pelas armas, mas que acabou se convertendo numa quadrilha que praticava crimes comuns.

Também foi nas conversas mantidas em Presidente Bernardes, onde, mesmo em celas individuais, os criminosos mantêm diálogos aos gritos, que Norambuena ensinou aos homens do PCC táticas de como falar em códigos, principalmente durante as comunicações mantidas por celular.

Para alguns integrantes dos grupos de inteligência das duas secretarias, a "aproximação ideológica" de Norambuena com os líderes do PCC tem um interesse muito claro: viabilizar, ao lado dos homens da facção, uma fuga do presídio de Bernardes, onde vigora o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), no qual o preso fica trancado, sozinho, durante 22 horas por dia, e não tem acesso a jornais, revistas e rádio, além de não manter contato físico com visitantes.

Em junho do ano passado, agentes da Polícia Federal no Rio de Janeiro descobriram um plano no qual cerca de 80 homens, todos eles do PCC e da facção criminosa carioca CV (Comando Vermelho), pretendiam resgatar Norambuena de Presidente Bernardes, juntamente com Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC, e com o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, à época preso com os dois e chefes do CV.

Preso em Bernardes desde março de 2003, Norambuena foi condenado no Chile à prisão perpétua duas vezes em 1992 --uma por liderar o seqüestro de Cristián Edwards del Rio, filho do dono do jornal chileno "El Mercúrio", e outra por participação no assassinato do senador Jaime Gúzman. Ele fugiu da prisão Cárcel de Alta Seguridad em 1996, ao lado de três outros membros da FPMR.

O secretário da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, foi procurado pela Folha para falar sobre a ligação de Norambuena com o PCC, mas, segundo sua assessoria, "disse que tinha de trabalhar."

Chile

Norambuena era professor de educação física até entrar, em 1983, para a Frente Patriótica Manuel Rodríguez, organização que pregava a revolução socialista pelas armas, mas que acabou se convertendo numa quadrilha que praticava crimes comuns.

Fugitivo da polícia chilena, Norambuena havia sido condenado duas vezes no Chile à prisão perpétua pelo assassinato do senador Jaime Guzmán e pelo seqüestro do empresário Cristián Edwards em 1992. Em 1996, Norambuena fugiu de helicóptero do presídio de segurança máxima de Santiago, em operação conhecida como a "fuga do século" naquele país.

No ano passado, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) concedeu a Norambuena o direito de progressão de regime --ele poderia conseguir o benefício da semiliberdade entre o final de 2006 e o começo de 2007





Fonte: 24HorasNews

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