CUT recebe denúncias de trabalho degradante em MT
Segundo ele, o Centro identificou que isso vinha acontecendo, por exemplo, com dezenas de trabalhadores que vieram do Maranhão. Werner informa que uma parte deles conseguiu voltar para o estado de origem, outra resolveu ficar na usina Alcoopan, a fim de tentar obter o dinheiro para retornar e um outro grupo caminhou de Poconé até a Capital atrás de ajuda. Hoje eles estão alojados no Albergue Municipal, conta. Como acontece com a maioria desses trabalhadores, o grupo foi trazido para o estado com promessas de trabalho, salários compatíveis e condições de alojamento, mas encontraram algo bem diferente. Eles sequer sabiam para onde estavam indo, frisa Werner, pois os contratantes disseram que trabalhariam em Primavera do Leste. Dificilmente eles são informados corretamente para onde vão, lamenta.
Ressaltando que o centro atua em frentes como o acompanhamento dos trabalhadores das usinas de cana e o fórum pela erradicação do trabalho escravo, Werner explica que foi pedir a ajuda da CUT-MT para que, juntos, tracem uma estratégia de ação para tentar minimizar o problema. “O que a gente está buscando é definir uma estratégia de como acompanhar e fazer com que tanto os trabalhadores sintam que tem alguém que ouça suas denúncias como também fazer com que o estado, através de suas representações, de suas organizações, cumpra o papel dele”.
Werner lembra que, quando o estado não age, os usineiros fazem o que querem. “À medida que se tem um estado atuante e uma população que denuncia, a gente tem percebido que talvez não se resolva 100%, mas se avança para minimizar todas essas ocorrências, tanto com infrações trabalhistas como a questão também do trabalho escravo, que é um problema sério nas usinas de cana de Mato Grosso”, diz.
O presidente da CUT-MT Júlio Viana lembrou que, já no planejamento iniciado pela central na primeira reunião deste mandato, foi definido que é estratégico para os trabalhadores e, particularmente, para a entidade, a inserção e a busca da construção de uma representação no campo, não só no aspecto do trabalho assalariado como também da agricultura familiar. “E a denúncia recebida pela CUT terminou provocando e dizendo para a gente que não dá para esperar”. Mostrou, continua Viana, que é urgente a busca de uma articulação “com os atores que já sistematizam essa luta há algum tempo, não só no sentido de apoiá-los, mas também de partilhar das responsabilidades”. De acordo com ele, o mais importante agora é trabalhar para assegurar a esses trabalhadores o resgate da sua condição de dignidade e, principalmente, “no sentido de eliminar a possibilidade futura de reprodução de eventos como esses que tem ocorrido historicamente em Mato Grosso”.
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