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Economia
Quarta - 12 de Julho de 2006 às 11:05

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O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Demian Fiocca, afirmou ontem que o banco negocia dois empréstimos à Bolívia. O país nacionalizou em maio suas reservas de petróleo e gás, ao encampar duas refinarias da Petrobras, e pressiona, desde então, por um reajuste no preço do gás natural fornecido ao Brasil.

O BNDES estuda, segundo ele, apoiar a compra de 300 tratores, num financiamento estimado em US$ 25 milhões, e a construção de uma rodovia na Bolívia, cujo valor ainda não foi definido. A Bolívia abrirá duas licitações para contratar os projetos, que atraem o interesse de empresas brasileiras.

A negociação teve início na sexta, quando uma missão do BNDES foi a La Paz para mostrar a linha de crédito de apoio à exportação de bens e serviços brasileiros. Empresários também integraram a missão.

Segundo Fiocca, a visita foi organizada pelo Itamaraty e fez parte da estratégia do governo brasileiro de "incrementar" as exportações do país. "Não há uma ação específica quanto à Bolívia. Faz parte de uma política de integração do governo brasileiro que traz excelentes resultados", afirmou. Ele negou interferência do Planalto e disse que a visita estava agendada antes do encontro dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Evo Morales, no dia 4.

Fiocca disse que o financiamento, caso venha a se concretizar, não pode ser interpretado "como moeda de troca" na negociação da crise do gás, tampouco servirá para facilitar as tratativas sobre essa questão. Ainda não existe um pedido formal de empréstimo do governo boliviano.

Para Fiocca, o fato de no mês passado missões do BNDES terem visitado a Argentina e o Uruguai com o mesmo objetivo ilustra que não há ação política na negociação com a Bolívia.

O BNDES tem em sua carteira pedidos de financiamento de US$ 2,6 bilhões em projetos na América Latina, dos quais US$ 1,3 bilhão já foi contratado --a Venezuela foi a maior tomadora (US$ 326,4 milhões).

Fiocca disse ainda que o BNDES exigirá "sólidas garantias" da Bolívia para a concessão do empréstimo, que terão de ser dadas por meio de CCR (Convênio de Crédito Recíproco). O mecanismo prevê a garantia do banco central do país que tomou os recursos e estabelece acesso privilegiado às reservas internacionais do país em caso de inadimplência.

Fiocca disse que o risco de emprestar à Bolívia é pequeno. Desde que o BNDES faz operações do tipo, há 15 anos, só houve um caso de inadimplência.

Pelas regras da linha de crédito, o BNDES financia o país que contratou os serviços de empresas brasileiras de construção e os bens utilizados por elas nas obras desde que fabricados no Brasil. Ou seja, só dá apoio à exportação brasileira.

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) confirmou o encontro em capital La Paz.

Em 2004, a Bolívia importou 807 veículos agrícolas do Brasil, com negociações diretas entre produtores bolivianos e fabricantes brasileiros. Em 2005, esse número caiu para 501. "É importante que o BNDES apóie essa e novas iniciativas de financiamento", disse Pérsio Patri, vice-presidente da Anfavea.





Fonte: Olhar Direto

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