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Nacional
Segunda - 10 de Julho de 2006 às 08:18

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Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), declarou à CPI do Tráfico de Armas que o governo de São Paulo negociou com a facção criminosa não apenas depois dos ataques do mês de maio, mas antes de se intensificar a onda de violência na capital paulista. Na gravação do depoimento prestado em dia 8 de junho à CPI do Tráfico de Armas, na penitenciária de Presidente Bernardes (SP), Marcola ainda discute com o deputado e delegado federal Moroni Torgan (PFL-CE) e afirma que o parlamentar não tem "moral nenhuma" para "gritar na sua cara".

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, que teve acesso ao teor do depoimento, Marcola pediu para Torgan parar de gritar quando o parlamentar o acusou de aproveitar-se dos presos, obrigando-os a reincidir no crime para financiar o PCC.

"E o que é que os deputados fazem? Não roubam também? Roubam para c..., meu", declarou, para receber, em seguida, ameaça de indiciamento por desacato. "Que moral tem algum deputado para vir gritar na minha cara? Nenhuma", respondeu Marcola, que não foi indiciado no fim da sessão, realizada sem a presença da imprensa.

No mesmo depoimento, o chefe do PCC garantiu que, mal haviam começado os atentados da facção criminosa, foi chamado para negociar com o diretor do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic), Godofredo Bittencourt, e outras autoridades policiais. O encontro, afirmou, ocorreu em 12 de maio - na época, havia apenas quatro policiais mortos e duas rebeliões em curso.

Segundo Marcola, na ocasião Bittencourt tentava buscar formas de conter os ataques e as rebeliões.

O líder do PCC garantiu que prometeu interceder pelo fim da violência caso as autoridades cumprissem alguns pedidos: comida, cobertores, direito a banho de sol e restabelecimento da visita do Dia das Mães para 765 presos recentemente transferidos para uma cadeia de Presidente Vesceslau, em São Paulo.

De acordo com Marcola, o diretor do Deic concordou com as exigências - porém teria ouvido do então secretário de Administração Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, que não iria fazer concessões. Para Camacho, a transferência dos detentos ordenada por Furukawa foi interpretada pelo PCC como gesto "político" para "promover o (Geraldo) Alckmin (ex-governador de São Paulo e candidato do PSDB à Presidência da República.

Dois dias após a negociação e a suposta recusa de Furukawa, a cúpula da polícia paulista voltou a se reunir com Marcola em Presidente Bernardes - quando já havia 52 mortos em ataques do PCC e 57 cadeias estavam rebeladas.

Para conter a onda de atentados e rebeliões, foi solicitado ao líder da facção criminosa que ligasse, por meio do celular, para outros líderes do PCC, a fim de dizer que não sofrera agressões. Marcola teria se negado e indicado outro detento, conhecido como Luiz Henrique, para dar o telefonema. A ligação foi realizada, disse, porém sem revelar que foi o interlocutor de Luiz Henrique.





Fonte: Terra

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