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Nacional
Quarta - 06 de Fevereiro de 2013 às 19:08
Por: Priscilla Souza

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O gerente da drogaria Pacheco, acusado de racismo contra uma criança de 11 anos, negou que tenha sido preconceituoso em depoimento à polícia na tarde desta quarta-feira (6), de acordo com a titular da 42ª DP (Recreio), Adriana Belém. Wanderson Teixeira disse que perguntou à aposentada Carmem dos Santos, avó do menino, se ele estava incomodando porque é comum pedintes entrarem no estabelecimento. Segundo o gerente, esse tipo de abordagem se tornou praxe independemente se a criança é branca ou negra. A farmácia fica na Avenida das Américas, no Recreio, Zona Oeste do Rio.

De acordo com a delegada, a drogaria não possui câmera de segurança. Por isso, ainda não é possivel afirmar se o gerente será ou não indiciado por injúria qualificada, artigo do crime de racismo.

"Ele nega todas as acusações e, inclusive, diz que não viu o menino chorando em momento algum. Diante disso, nós vamos chamar outras testemunhas, ouvir a criança e, se necessário for, fazer uma acareação entre as partes", afirmou Adriana Belém, acrescentando que tem 30 dias para concluir o inquérito.

Segundo a aposentada Carmem Maria dos Santos, o funcionário teria abordado o neto dela de 11 anos, que é negro, e perguntado se ele estaria "incomodando os clientes".O fato ocorreu menos de um mês após caso semelhante de racismo em uma concessionária da BMW na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste.

"Eu nunca pensei que fosse passar por isso. Ele [funcionário] só viu a cor do meu neto. Agora, eu espero que seja feita justiça para que ele nunca mais faça isso com ninguém. Vai pensar duas vezes", afirmou Carmem.

Delegada chocada
Adriana Belém, disse ter ficado chocada com a atitude dos funcionários da farmácia. "O que mais me comoveu é saber que o garoto chorou e disse para a avó que não gostava de ser preto e, mesmo assim, eles [funcionários] não tiveram a honra de pedir desculpas ou tomar qualquer atitude para acalmar a criança e a avó", afirmou a delegada, acrescentando que esse tipo de crime é comum, mas poucas pessoas procuram a polícia.

O menino de 11 anos também será ouvido na delegacia, acompanhado pelos responsáveis e deve ser encaminhado para atendimento psicológico. A aposentada contou que cria o menino – filho de uma ex-empregada dela – desde que nasceu sem qualquer diferença de tratamento em relação aos outros dois netos.

Resposta da drogaria
Em nota, a drogaria disse que está em processo de apuração do fato e tomará as medidas necessárias.

Veja abaixo a nota na íntegra:
"Com relação ao suposto caso de racismo ocorrido em uma de suas unidades a empresa esclarece que já está em processo de apuração do fato e tomará as medidas necessárias. A companhia reforça que tem como um de seus valores a ética em seus relacionamentos, com responsabilidade comercial e de gestão. O compromisso em atender bem aos seus clientes é validado com o treinamento e monitoramento constantemente de todas as equipes de atendimento na rede para a prestação do melhor serviço."

Também em nota, a Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos e a Superintendência de Igualdade Racial ressaltou que repudia qualquer tipo de discriminação e informou que negros e pardos são especiais vítimas deste tipo de crime, conforme mostra o Relatório de Desigualdades Raciais no Brasil 2009-2010 do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais – LAESER.

Racismo em concessionária
Uma ida à concessionária da BMW Autokraft, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na tarde do dia 12 janeiro, também deixou o casal Ronald Munk e Priscilla Celeste indignado. Pais de cinco filhos, foram à loja acompanhados do caçula, de 7 anos, que é negro e adotado, em busca de um automóvel novo para família. Enquanto conversavam com o gerente de vendas sobre os carros, dizem ter sido surpreendidos com uma atitude preconceituosa do funcionário quando a criança se aproximou dos três. O BMW Group enviou uma nota ao G1 em que pede desculpas ao casal.






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