Brasil perde espaço para produto chinês na Argentina
Nos primeiros quatro meses de 2002, 79% das bicicletas importadas pela Argentina tinham origem brasileira. Da China, vinham apenas 6%. De acordo com os números de 2006, os chineses produzem agora 52% das bicicletas consumidas e as brasileiras têm apenas 15% do mercado.
No caso de artigos produzidos com manganês (placas de identificação, por exemplo), o crescimento da China foi ainda maior. Há quatro anos, o Brasil tinha 100% do mercado. Agora, 3% --o restante é chinês.
O mesmo vale para vasilhas e utensílios domésticos --estrelas das lojas de importados chineses. Brasil e China inverteram papéis: o país caiu de 77% em 2002 para 19%; os orientais cresceram de 17% para 79%.
O boom de exportação chinês é uma tendência mundial, e o caso da Argentina acompanha o movimento. "Aconteceu o que acontece em todo o resto do mundo: a China, com volume e mão-de-obra barata, tem preço competitivo e toma mercado", aponta Mauricio Claveri, analista da abeceb.com.
Os vizinhos porém ainda têm um pequeno saldo no comércio com os chineses: US$ 280 milhões. "Calculamos que o superávit se manterá só até o final do ano. Depois, sumirá", diz.
O avanço chinês no mercado também se deu, mas em menor proporção, para os produtos "monitorados", para os quais a Argentina negociou cotas de importação com o Brasil (eletrodomésticos de linha branca e têxteis, por exemplo). "Nos têxteis, a participação chinesa cresceu de 3% para 6% no período, e o "share" brasileiro praticamente se manteve."
Ainda perdendo mercado, o Brasil exibiu no primeiro semestre U$S 1,8 bilhão de saldo comercial com os vizinhos --17% maior que o período em 2005 e o mais alto em dois anos. O que mantém o crescimento, diz Claveri, é a diversificada pauta de vendas brasileiras na Argentina e a alta da exportação de eletrônicos, como celulares.
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