Superjumbo derruba executivos da Airbus
Noel Forgeard deixou seu cargo de co-presidente executivo da EADS e Gustav Humbert renunciou à presidência da Airbus ontem, sob pressão dos acionistas, devido a atrasos na construção do superjumbo A380.
Forgeard será substituído pelo francês Louis Gallois, 62, atualmente à frente da SNCF e ex-executivo em duas companhias francesas de aviação. Christian Streiff, 51, que trabalhou recentemente na companhia francesa Saint-Gobain SA, ficará no lugar de Humbert.
A crise na EADS começou em junho, com uma queda de mais de 26% de suas ações na Bolsa de Paris e com uma controvertida venda de ações da empresa feita por Forgeard e outros executivos do grupo.
Forgeard foi pressionado a sair pela Lagardere SCA e pela DaimlerChrysler AG, que juntas detêm 37,5% das ações do grupo. A pressão começou depois que a companhia anunciou atrasos na produção do modelo A380, um programa de US$ 13 bilhões, que tem como objetivo a liderança da Airbus sobre a Boeing. Os atrasos reduziriam em 2 bilhões os lucros da empresa até 2010.
Ações suspeitas
Outro motivo para a saída de Forgeard foi uma venda de ações suspeita, feita três meses antes da publicação das dificuldades com o A380.
Forgeard vendeu as ações em março, apenas um mês antes de a Airbus iniciar uma investigação sobre o problema que culminou com o anúncio dos atrasos. Ele vendeu 5,2 milhões em ações e teve lucro de 2,5 milhões.
A AMF, reguladora francesa do mercado de ações, está investigando Forgeard e outros cinco executivos que negociaram as ações em março.
O executivo afirmou ontem que renunciou para dar fim a uma situação que poderia causar problemas à companhia e que a venda das ações foi feita nos parâmetros da lei. O alemão Gustav Humbert, que dedicou toda sua carreira à Airbus, ao apresentar sua renúncia, assumiu a responsabilidade pelos atrasos no A380.
"O último atraso na produção e na entrega dos modelos A380 foi uma grande decepção para os nossos clientes", disse em nota oficial. "Como presidente e CEO da Airbus, eu devo assumir a responsabilidade."
Crise reconhecida
"A EADS está no meio de uma crise, todos sabem disso há semanas", afirmou o ministro das Finanças da França, Thierry Breton, em entrevista a uma rádio francesa ontem. Um novo gerenciamento era necessário para "virar a página", comentou o ministro.
Breton comentou a importância da Lagardere na operação e classificou a tomada de decisão dos acionistas e a saída dos executivos da Airbus e da EADS como "escrupulosamente respeitadora".
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