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Internacional
Domingo - 02 de Julho de 2006 às 17:25

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A Europa e os Estados Unidos deveriam pedir desculpas à África pela crueldade da escravidão, disse no domingo o presidente venezuelano Hugo Chávez, convocando a África a resistir ao que descreveu como o colonialismo moderno dos EUA.

Chávez, que está assistindo a uma cúpula de líderes africanos na Gâmbia, disse que a África e a América Latina foram devastadas durante séculos pela escravidão e o colonialismo, em benefício da Europa e da América do Norte.

"A África ainda chora... e a Europa não reconhece o fato. A Europa deveria se desculpar, deveria ajoelhar-se e pedir desculpas", disse a jornalistas o presidente venezuelano, que participa da cúpula como convidado. "Eles deveriam abaixar sua crista de arrogância européia e pedir desculpas, como também a América do Norte deveria fazer um dia."

O dirigente esquerdista incendiário, cujos ataques à política norte-americana vêm provocando arrepios em Washington, exortou os líderes da União Africana, composta de 53 países, a forjar laços mais estreitos com a América Latina, para combater o imperialismo norte-americano.

"Os países poderosos vão continuar a ditar para nós, por meio das multinacionais e da política econômica neoliberal, e, se não conseguirmos resistir a esse neocolonialismo, seremos esmagados", disse Chávez, elogiando o socialismo africano do ex-presidente da Tanzânia Julius Nyerere. "Não à Pax Americana. Não ao Super-homem. Não ao Império Norte-americano. Não ao modo de viver norte-americano. Não. Esse é o caminho para o inferno."

Chávez reagiu indignado à oposição manifestada pelos EUA à tentativa da Venezuela de ocupar uma das vagas rotativas no Conselho de Segurança da ONU. "Os Estados Unidos disseram novamente ontem que a Venezuela não está qualificada para ocupar uma vaga. Com que autoridade o governo imperialista dos Estados Unidos decide quem deve participar do Conselho de Segurança da ONU?", questionou ele.

"Se houvesse democracia real no mundo, o governo norte-americano seria posto sob administração, porque é um governo dos Estados Unidos que ignora a democracia de seu povo e ignora a democracia no mundo: ele invade países, mata e bombardeia cidades", disse ele.

Chávez declarou que a Venezuela, o quinto maior exportador de petróleo do mundo, pode contar com o apoio da África em sua tentativa de conquistar uma vaga no Conselho de Segurança. Suas propostas de criação de um banco conjunto para financiar projetos nos países em desenvolvimento, o Banco do Sul, e para uma empresa de mídia que combata a influência das redes de televisão mundiais "fascistas", foram bem recebidas pelos delegados africanos.

Mas Chávez negou que estivesse utilizando a cúpula da União Africana para tentar conquistar a liderança do mundo em desenvolvimento. "Sou apenas um soldado raso neste processo de integração. Os povos devem liderar, e nós, homens, devemos fazer o que podemos", afirmou.





Fonte: Reuters

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