Pacifistas exigem explicação por detenção de ministros do Hamas

A deputada israelense Zehava Galón, da frente pacifista Meretz, exigiu hoje um debate urgente no Parlamento para que o assessor jurídico do Governo, Menachem Mazuz, explique os motivos que levaram esta semana à detenção de nove ministros palestinos, 23 deputados e dois prefeitos na Cisjordânia.

Segundo a deputada, estas detenções e a de um total de 60 pessoas ligadas ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Cisjordânia ocupada deixam a "má impressão" de que as operações, praticadas por efetivos do Exército israelense, ocorreram no amparo de normas legais "mal interpretadas".

A invocação dessas normas, acrescentou, pode ter sido aproveitada para justificar a captura de reféns palestinos com a intenção de negociar a libertação do soldado israelense Gilad Shalit, seqüestrado há uma semana por comandos palestinos, entre eles do Hamas.

"Estas coisas são próprias de quadrilhas e não de um Estado democrático", afirmou Galón a representantes da imprensa no Parlamento (Knesset).

O debate, que ainda não tem data definida, será realizado na Comissão para Assuntos de Legislação, com a participação de Mazuz.

A detenção dos ministros do Governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP) reduziu em mais de um terço o número dos membros do Gabinete Nacional, que desde o fim de março está a cargo de Ismail Haniyeh, com sede na faixa autônoma de Gaza.

Um helicóptero israelense bombardeou esta madrugada os escritórios de Haniyeh, que não estava no local no momento do ataque. Os escritórios foram incendiados.

Segundo fontes palestinas, os ministros palestinos estão na clandestinidade, ameaçados pelo Governo do primeiro-ministro israelense Ehud Olmert.

Haniyeh reagiu acusando Olmert de fazer "uma política demente e arrogante" por causa do seqüestro do soldado Shalit, que estaria em poder de milicianos do Hamas, e cujo paradeiro, provavelmente em alguma casa de Gaza, é desconhecido.