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Economia
Sábado - 01 de Julho de 2006 às 18:20

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Diante da dificuldade de conciliar diferentes posturas, os principais negociadores da Organização Mundial de Comércio (OMC) resolveram neste sábado adiar até o fim de julho as decisões sobre a Rodada de Doha.

Negociadores de vários países pediram ao diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, que seja o mediador dos contatos que serão estabelecidos nas próximas semanas para tirar a Rodada de Doha da crise.

Mais de 60 ministros dos 149 países-membros da OMC participaram desta reunião sobre a Rodada de Desenvolvimento de Doha, para determinar os números e fórmulas que devem ser aplicados aos cortes das tarifas sobre importações de bens agrícolas e industriais.

"Não fizemos progressos. É preciso admitir isso, mas acho que não é insuperável. É uma crise, mas parece manejável, e ainda não há pânico", indicou Lamy, que disse que nas próximas semanas manterá contatos diplomáticos intensivos na busca de uma solução.

O diretor-geral da OMC admitiu que este papel de mediador e catalisador envolve riscos, mas não assumiria esta tarefa se não acreditasse "na possibilidade real de conseguir um acordo a tempo e resolver as divergências existentes".

G-8 Uma das possibilidades apontadas para superar a crise é conseguir o impulso político das maiores potências, que se reunirão em meados de julho em São Petersburgo na cúpula do G-8 (sete países mais ricos e Rússia).

No entanto, Lamy disse que, por enquanto, não foi convidado para este fórum, do qual nem todas as grandes potências comerciais participarão.

"As consultas que tenho que fazer vão além do G-6 (EUA, UE, Austrália, Brasil, Índia e Japão, maiores potências comerciais), mas tenho que começar por eles", disse Lamy, que viajará para o Japão na terça-feira.

"Não foi uma reunião bem-sucedida, mas também não um desastre", disse o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, enquanto a Representante de Comércio dos EUA, Susan Schwab, considerou que "esta interrupção brusca não significa que a Rodada de Doha esteja morta".

Mandelson adiantou que, se nas próximas semanas não forem alcançados resultados para os próximos meses, a Rodada de Doha não terminará este ano.

O ministro de Indústria da Índia, Kamal Nath, um dos mais críticos com os países ricos e que voltou a seu país antes do fim da reunião, insistiu que "não havia necessidade" de esconder que a reunião de Genebra "foi um fracasso".

Futuro Os países da OMC negociam há quase cinco anos a Rodada de Doha, que procura liberalizar as trocas comerciais em agricultura, indústria e serviços, beneficiando principalmente os países em desenvolvimento.

O futuro da negociação da rodada está nas mãos dos EUA, que devem reduzir os subsídios internos concedidos a seus agricultores, da UE, que deve reduzir as tarifas às importações agrícolas e do G-20, formado por países emergentes liderados por Brasil e Índia, e que devem facilitar o acesso a seus mercados industriais.

Este fracasso se soma ao de abril, quando os países também não foram capazes de definir um acordo e adiaram suas decisões para a reunião deste fim de semana.

A idéia inicial era de que as negociações relativas a serviço acontecessem no mês de julho, o que não foi conseguido até agora.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, declarou que, para ter êxito, "é preciso envolver os líderes políticos e, para isso, deve-se definir muito claramente o que se quer aprovar".

"Estamos mais próximos da convergência, mas, para conseguir um acordo, os grandes atores devem se aproximar em acesso a mercados e subsídios internos", disse Mandelson, em referência direta aos EUA, que recebe pedidos das economias em desenvolvimento para reduzir mais os subsídios que distorcem o comércio internacional.

No entanto, a Representante de Comércio dos EUA ressaltou que sua delegação veio "buscando avanços substanciais no acesso aos mercados agrícolas e na redução de barreiras tarifárias para os bens industriais, mas infelizmente não houve progressos".





Fonte: EFE

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