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Economia
Sábado - 01 de Julho de 2006 às 10:00

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GENEBRA - O comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, admitiu hoje o fracasso das últimas negociações da Rodada de Doha e ressaltou que a crise terá mais chances de ser solucionada se o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, atuar como "mediador" das conversas com vistas à reunião prevista para o fim do mês.

"Não foi uma reunião bem-sucedida, mas também não foi um desastre", disse Mandelson, que antecipou que se não houver progressos nas próximas semanas ou resultados nos próximos meses, a "Rodada de Doha não terminará este ano".

O principal negociador da União Européia (UE) ressaltou que, a partir de agora, Lamy "terá que ser o catalisador, mas não o autor" do acordo, já que essa tarefa corresponde aos países da OMC.

Os Estados Unidos descartaram neste sábado a possibilidade de chegar a um acordo sobre as negociações nas áreas agrícola e industrial devido à falta de ofertas ambiciosas dos seus parceiros comerciais, disse a Representante de Comércio americana nas negociações de Genebra, Susan Schwab.

"Viemos a Genebra para avançar substancialmente na Rodada de Doha no acesso aos mercados agrícolas e na redução de barreiras tarifárias para os bens industriais. Mas, infelizmente, não houve progressos", disse Schwab em entrevista coletiva.

Mais de 60 ministros dos 149 países da Organização Mundial do Comércio (OMC) entraram neste sábado em seu terceiro dia de reuniões sobre a Rodada de Doha. Mas não conseguiram avançar numa fórmula para aplicar cortes tarifários nas importações de bens agrícolas e industriais. "Mas isso não significa que a Rodada de Doha esteja morta", opinou Schwab.

O secretário de Agricultura dos EUA, Mike Johanns, alegou que ainda estava "otimista" em relação a um acordo. Mas não agora.

"Os EUA farão a sua parte. Mas em troca é preciso melhorar o acesso aos mercados e isso é algo que até agora não vimos", acrescentou Johanns.

A delegação americana lembrou que em outubro de 2005 apresentou uma "generosa oferta" para reduzir os subsídios aos agricultores e abrir mercados agrícolas e industriais. A proposta, entretanto, não recebeu apoio dos outros países, especialmente da União Européia (UE). Johanns lembrou que os europeus "concedem três vezes mais ajudas internas aos agricultores que os EUA".

Os países da OMC negociam há quase cinco anos a rodada comercial que procura aprofundar a liberalização dos intercâmbios comerciais agrícolas, industriais e de serviços, através da redução de tarifas e subsídios.

O objetivo é que os países em desenvolvimento e os mais pobres sejam beneficiados, para melhorar o nível de vida de seus cidadãos. No entanto, as enormes diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento impedem os avanços na negociação que, em princípio, deveria terminar no fim deste ano.

Adiamento O fracasso do encontro deste fim de semana adia as decisões sobre agricultura e indústria para a próxima reunião, no fim de julho. O processo ficou mais complicado, já que o próximo mês deveria ser dedicado apenas à discussão sobre serviços.

Schwab criticou os "jogos sobre as fórmulas tarifárias" em que os outros países se envolveram, travando as discussões sobre os produtos especiais e os mecanismos especiais de salvaguarda.

Ela ainda acredita, porém, num acordo no fim de julho, quando os países voltarão a se reunir em Genebra. "A rodada do Uruguai chegou a um impasse em 1990, mas foi concluída em 1993", lembrou.





Fonte: EFE

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