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Quinta - 29 de Junho de 2006 às 23:59

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Com cerca de 1.100 quilômetros de área voltada para o Atlântico, entre a foz do Oiapoque (Amapá) e a baía de São Marcos (Maranhão), a Zona Costeira Amazônica tem características singulares, regidas por marés de até oito metros, que influenciam grandes áreas inundáveis. Na área que abrange as costas do Amapá e também da Guiana Francesa, influenciada pela foz do rio Amazonas, está a maior costa lamosa do mundo. Por sua vez, o trecho de costa do Pará e Maranhão, marcado por baías e estuários, é reconhecido como a maior área contínua de manguezais do planeta, com 1,38 milhões de hectares de extensão.

Os ecossistemas da costa amazônica brasileira são um campo fértil para a pesquisa, mas ainda não têm a devida atenção das instituições de financiamento em pesquisa. Esse é o principal item em debate no encontro que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realiza em Belém (PA), dentro da quarta edição da série "Encontros da SBPC". Realizado nesta quarta-feira, na Universidade Federal do Pará (UFPA), o encontro é um dos vários a serem organizados pela SBPC em Belém para discutir temas que estarão na pauta da Reunião Anual da entidade, que acontecerá no Pará em 2007.

"Existe uma rede de pesquisadores que nos últimos anos tem conseguido aprovar vários projetos de pesquisa na zona costeira. Um grande incentivo para isso foi a criação do curso de Oceanografia na UFPA, que possibilitou a contratação de pesquisadores. Trabalhar na zona costeira exige uma equipe multidisciplinar", destacou Pedro Walfir,coordenador do Laboratório de Análises de Imagens do Trópico Úmido da UFPA (LAIT) e do projeto PIATAM mar.

No laboratório da UFPA, o sensoriamento remoto é utilizado para monitorar as mudanças da paisagem costeira amazônica, seja pelo uso e ocupação do espaço pelo homem, seja pela dinâmica natural. A rede de pesquisa multidisciplinar e interinstitucional PIATAM mar, que é o projeto que estuda os potenciais impactos ambientais no transporte de petróleo e derivados na zona costeira amazônica, soma cerca de 230 pesquisadores e técnicos envolvidos em pesquisas sócio-ambientais sobre o litoral amazônico, em instituições científicas do Pará, Amapá, Maranhão e também do Rio de Janeiro.

"Quando se fala em Amazônia logo, se pensa num grande tapete verde e esquecem que ela possui uma zona costeira, com uma produtividade altíssima e uma das áreas brasileiras com maior atividade pesqueira. Isso mostra que temos muitas atividades de pesquisadores na Amazônia olhando para o mar, o que não se tinha há 10 ou 20 anos atrás. Hoje se consegue organizar projetos de pesquisa integrados", afirma o pesquisador Pedro Walfir. Além do LAIT e do PIATAM mar, estão também entre outros pólos de estudos sobre a costa amazônica o Programa de Estudos Costeiros do Museu Goeldi (PEC) e o projeto Ecolab, que reúne instituições brasileiras e instituições da Guiana Francesa.

"Precisamos de uma política para as ciências do mar na Amazônia assim como há para as questões do desmatamento e da ocupação do solo. Temos uma Amazônia azul que precisa ser investigada. Belém está posicionada na foz do maior sistema fluvial do planeta e existem várias pessoas do mundo interessadas em fazer pesquisa na área. Temos de explorar isso para captar recursos para o desenvolvimento cientifico e tecnológico", destacou Pedro Walfir, que também defende uma política para o gerenciamento costeiro. "Recentemente, o Ministério de Ciência e Tecnologia lançou um documento para as ciências do mar, mas a iniciativa ainda não saiu do papel. Os conflitos e interesses são muito grandes e os projetos não têm conseguido deslanchar", concluiu o pesquisador.





Fonte: 24 Horas News

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