Abalado Daniel pensou em larga a carreira

Apesar de ser fã de futebol, o clima da vitória do Brasil não conseguiu contagiar o cantor Daniel, na saída dele do hospital Albert Einstein, no Morumbi (zona oeste de São Paulo), ontem à tarde. Abalado com o acidente ocorrido na madrugada de domingo em Salto de Pirapora (122 km de São Paulo), que deixou dois mortos, ele disse que pensou em abandonar a carreira. O artista espera voltar a cantar em até 20 dias.

Às 15h, Daniel deixou o quarto e foi para o auditório do hospital. O artista vestia um agasalho esportivo e tênis, e tinha a barba por fazer. O cantor tinha movimentos lentos, resultado da cirurgia no ombro esquerdo, onde foram colocados uma placa de titânio e doze pinos. Ao fazer esforço para se sentar, Daniel resmungou: "Tô parecendo velho, né, rapaz?”

O cantor iniciou a coletiva relatando o susto na hora do acidente, ocorrido na rodovia João Leme dos Santos, em que a Pajero em que ele estava colidiu com um Palio, ocupado por três pessoas. "De repente o Hamilton (motorista) gritou "segura!' Parecia uma bomba na lateral do nosso carro”, comentou.

A tristeza com as mortes do vendedor Valter Costa, 28 anos, e do funileiro Gilberto Napoli Júnior, 25, no desastre, foi citada várias vezes por Daniel. "Eu também já perdi pessoas queridas. Quero dar apoio aos parentes deles”.

O cantor comentou uma afirmação de parentes de Costa, para quem poderia ter ocorrido a retirada irregular do carro de Daniel do local da colisão, antes da chegada da perícia. Ele disse que não havia motivo para tomar tal atitude, porque não tinha culpa no acidente. "Confio no trabalho da polícia.”, afirmou.

Daniel não escondeu que a colisão trouxe a lembrança da morte do parceiro de dupla sertaneja, João Paulo, em um desastre automobilístico, em 1997. Ele também admitiu que mais um acidente na sua história pessoal colocou em dúvida a disposição de continuar cantando. "Após um acidente como esse, dá vontade de ir para casa e parar. Mas sou forte, tenho que voltar a trabalhar. (...) Nos nove anos após a morte do João Paulo, pensei várias vezes em abandonar a carreira.”

Mas foi a lembrança de uma força viva que fez o cantor chorar no final da coletiva. Perguntado sobre o apoio dado pelo pai, José Camillo, depois do acidente, ele começou a dizer "Meu pai é forte...”, mas engasgou. Com lágrimas nos olhos, o cantor completou: "A gente não vai conseguir ser 1% do que meu pai é. O homem é um exemplo!”