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Nacional
Segunda - 26 de Junho de 2006 às 14:07

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O Brasil perde anualmente US$ 10 bilhões em produtividade por causa da violência armada entre os jovens, segundo estudo publicado hoje inauguração da Conferência Mundial sobre Armas Leves, promovida pelas Naçoes Unidas.

Segundo o estudo, quase 50% das vítimas de homicídios cometidos com armas de fogo no mundo são homens de entre 15 e 29 anos. O relatório foi apresentado em Nova York na reunião para avaliar o Programa de Ação adotado há cinco anos para deter o tráfico ilícito de armas pequenas e leves.

O estudo Pesquisa sobre Armas Leves 2006: a questão pendente, elaborado por um grupo de analistas independentes com sede em Genebra (Suíça), revela que, dos aproximadamente 200 mil homicídios cometidos anualmente com armas de fogos, entre 70 mil e 100 mil têm como vítimas jovens do sexo masculino. "No mundo todo, das gangues nas ruas da Colômbia aos grupos rebeldes do norte de Uganda, as vítimas são as mesmas: jovens", afirmou Keith Krause, diretor do relatório.

"O saldo desta violência não são apenas perdas humanas, mas também despesas de saúde e atendimento médico, assim como em perdas de produtividade e de oportunidades em países de poucos recursos", acrescentou.

O relatório afirma que, a cada ano, 500 mil pessoas morrem, em média, devido a disparos de armas convencionais, e que o fato de quase a metade das vítimas ser de jovens indica que é afetado o setor mais produtivo da população.

O estudo menciona especialmente, além do caso do Brasil, o da Colômbia, onde a perda de produtividade anual por causa da violência armada entre os jovens é estimada em US$ 4 bilhões. O dossiê denuncia que o comércio ilegal de armas é avaliado em mais de US$ 4 bilhões anuais. Quase 60% das armas leves estão nas mãos de civis, e entre 80% e 90% de todo o armamento pequeno ilegal provêm de transações aprovadas pelos Estados.

Exportadores Ao todo, há em circulação 639 milhões de armas leves no mundo, ou seja, uma por cada 10 pessoas. Essas armas são fabricadas por mais de mil empresas de 98 países diferentes.

Os principais países exportadores de armas pequenas e leves são Brasil, Rússia, Estados Unidos, Itália, Alemanha e China. Os maiores países importadores são o Chipre, e os próprios Estados Unidos e Alemanha, de acordo com o estudo.

Os autores do relatório defendem que sejam adotadas na conferência da ONU, que durará duas semanas, estratégias de curto prazo que permitam reduzir o acesso dos jovens às armas de fogo e deter a violência juvenil.

Como ato preliminar à abertura da conferência, os responsáveis da Campanha para o Controle de Armas fizeram um pedido ao secretário-geral, Kofi Annan, para que ele ajude a promover um tratado internacional que regule o comércio de armas.

Com o nome de "Um milhão de rostos", as ONGs Anistia Internacional (AI), Oxfam International e a Rede Internacional sobre Armas de Pequeno Calibre (IANSA) apresentaram um mural com um milhão de fotos de pessoas que participam da campanha.

"Será crucial abordar na conferência as transferências internacionais de armas. Um bom resultado sobre este aspecto será a adoção de normas globais que limitem o fluxo de armamento em direção àquelas pessoas que sabemos que as usam para cometer abusos de direitos humanos", declarou Ricardo Magán, da Intermón Oxfam.

Controle Annan, que participou da inauguração oficial da reunião, ressaltou que houve um grande avanço no controle das armas leves desde a adoção do Programa de Ação, mas admitiu que ainda resta um longo caminho pela frente. "Estas armas são pequenas, mas causam uma destruição em massa", afirmou.

O secretário-geral das Nações Unidas destacou que o propósito da conferência não é obter uma "proibição global das armas", mas estabelecer medidas complementares para um controle mais estrito do comércio ilícito. "Nossa energia, nossa ênfase e nossa indignação é contra as armas ilegais, não as legais. Nossas prioridades são um controle e regulamentos mais eficazes, armazenagem segura e recebimento e destruição de armas", declarou.





Fonte: EFE

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