Corregedoria investiga policiais civis em Cuiabá
As investigações apontam que a extorsão seria para atingir o traficante e o esquema envolveria presos que comandam o crime organizado de dentro da Penitenciária. A ordem de tomar o dinheiro de familiares de Divino teria partido do Pascoal Ramos. A suspeita é que policiais estariam em conluio com presos, de quem receberam informações sobre a existência do dinheiro.
Conforme o motorista, ele dirigia uma picape Corsa, com R$ 25 mil em seu interior, e acabou interceptado numa rodovia movimentada próximo da Penitenciária, aonde ele teria ido levar a esposa de Divino para uma visita ao marido. A abordagem aconteceu na volta. A princípio, os policiais que estavam num Pálio da Polícia Civil alegaram que estavam fazendo uma “abordagem de rotina”. O dinheiro, de acordo com a versão do motorista, era proveniente da venda de um veículo.
Segundo o relato do motorista, dois policiais ficaram na viatura e um entrou na picape para fazer uma “abordagem mais detalhada”. Nesta abordagem, nada encontrou, embora demonstrasse ter conhecimento de que ali dentro havia algo de valor. Em seguida, eles levaram o motorista até a avenida Gonçalo Antunes de Barros, antiga estrada do Moinho. De lá, seguiram para uma estrada vicinal.
Ao perceber que poderia ser assassinado, o motorista resolveu parar o veículo. Disse que não seguiria mais. Os policiais, então, disseram que queriam os R$ 25 mil que ele levava no carro. Como não teve opção, acabou entregando o pacote, que até então estava oculto. Com o dinheiro na mão, os policiais liberaram o motorista.
Segundo uma pessoa ligada a Divino, o dinheiro era proveniente da venda de um carro em Minas Gerais, onde ele possuiria uma garagem. “Os policiais queriam seqüestrar a esposa dele para tomar-lhe o dinheiro. Eles acreditavam que ela estivesse na picape. Como não estava, resolveram pegar o motorista”, explicou o amigo de Divino.
A esposa chegou a ir na picape ao presídio. Mas na volta, ela pegou carona no carro da advogada. O motorista não confirmou, mas os policiais teriam procurado pela patroa dele.
O motorista e a advogada de Divino estiveram na Delegacia do Bairro Verdão para registrar queixa, mas foram orientados a procurar a Corregedoria. A princípio, o motorista suspeitava dos homens serem policiais e a comprovação ocorreu através de fotografias.
Na Corregedoria, o caso foi despachado para a delegada Ana Paula Cremo Botasso. Ela deverá instaurar um inquérito para investigar o caso na esfera criminal. Como ainda não há provas concretas de que se trata mesmo dos policiais, a sindicância administrativa deverá ser instaurada após as conclusões do inquérito. A corregedoria não informou se os policiais serão afastados do cargo.
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