Bolívia exige saída de brasileiros da fronteira com Mato Grosso
Segundo a deputada, o prazo dado às famílias brasileiras terminou anteontem, mas a possibilidade de as famílias serem transferidas para outras áreas, fora da faixa de fronteira, está sendo negociada por representações diplomáticas do Brasil e da Bolívia.
A maioria dos brasileiros notificados tem propriedades na Província de Pando, na fronteira com o Estado do Acre, e dedica-se à pecuária e à coleta de castanha e seringa. Alguns brasileiros trabalham no beneficiamento e extração de madeira e no cultivo de soja na região próxima à fronteira com Mato Grosso.
No início de maio, após nacionalizar a exploração de gás natural, o governo de Evo Morales anunciou um projeto de nacionalizar as terras do país --o que passa pela expropriação de terras pertencentes a estrangeiros na faixa de fronteira.
A Constituição boliviana proíbe que estrangeiros tenham propriedades na faixa de 50 km de largura a partir da linha de fronteira com os países vizinhos. No Brasil, a faixa de fronteira considerada fundamental para defesa territorial pela Constituição é de 150 km.
"O presidente Evo Morales tem dito que vai cumprir a Constituição, que diz que não pode haver estrangeiros na faixa de 50 km. A Constituição brasileira é até mais rigorosa. Mas é preciso dar uma alternativa para esses brasileiros que optaram por morar na Bolívia", disse Almeida.
A coordenação de imprensa do Ministério das Relações Exteriores informou ontem que os dois países criaram grupos de trabalho para negociar a retirada das famílias e que a preocupação do Itamaraty é realojar os brasileiros.
Segundo o ministério, foi acordado que as famílias não terão que deixar suas terras até o final da negociação.
A próxima reunião entre representantes dos dois países está marcada para julho.
"Dizer que o clima está tranqüilo, não está. Mas há conversações", disse o deputado estadual do Acre Joarez Leitão (PT), que tem parentes na Bolívia e acompanha o problema.
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