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Sexta - 23 de Junho de 2006 às 10:07

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O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, admitiu ontem à Folha que a Justiça poderá chamar novo leilão para a venda da Varig Operacional, caso a Volo, vinculada ao fundo americano Martlin Patterson, confirme oficialmente o interesse em entrar no negócio.

"Se houver esse interesse da Volo, todos temos de analisá-lo, mas a decisão é da Justiça, que poderá chamar novo leilão", disse ele.

A Volo condicionou a operação à anuência da Anac para comprar definitivamente a VarigLog, empresa de transporte de carga que era subsidiária da própria Varig. Em setores do mercado, a proposta foi considerada "chantagem".

O próprio juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio e responsável pelo processo de recuperação da Varig, esteve em Brasília anteontem para defender a operação casada. Ele teve reuniões com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e com a direção da Anac.

Ontem, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, também discutiu a questão em reunião no Planalto da qual participou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que representa os interesses dos funcionários da empresa com o governo.

A decisão sobre a aquisição da VarigLog pela Volo, portanto, saiu da esfera técnica e passou à política, e a expectativa ontem em Brasília era a de que a Anac reconhecesse a validade da documentação entregue pela Volo e desse anuência à compra, apesar de entraves legais.

A agência reguladora já tinha dado autorização prévia, mas a anuência final esbarrou na composição acionária da Volo. A legislação brasileira limita a 20% a participação de capital estrangeiro em empresas aéreas, e a suspeita da Anac era a de que a Volo não conseguiria demonstrar que seu capital não era integralmente bancado pelo fundo americano.

Apesar do caráter de barganha ou "chantagem" atribuído à proposta da Volo para a compra da Varig Operacional, Zuanazzi disse, por telefone, que são duas situações distintas: "Do ponto de vista da Anac, uma coisa [a compra da VarigLog] não tem nada a ver com a outra [da Varig Operacional]".

Na prática, porém, era assim que toda a situação estava sendo analisada pelo governo, pela Anac e pelo próprio juiz, desde a quarta-feira. Cópias da documentação da Volo foram distribuídas tanto na Defesa com na agência e na Casa Civil. Por trás da operação estariam advogados vinculados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem sendo informado de todos os detalhes, apesar de não se manifestar publicamente.





Fonte: Folha Online

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