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Domingo - 03 de Fevereiro de 2013 às 16:48

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Após  cirurgia Lea T. conta que perdeu a virgindade como mulher

Foto: Miguel Sá



Depois da entrevista ao Fantástico, exibida no dia 27, a top transex Lea T. se viu em meio a uma polêmica entre várias comunidades transexuais do Brasil. “Estão achando que me arrependi da cirurgia de mudança de sexo, mas não. Estou muito feliz”, afirma ela. Na semana passada, Lea participou do I Seminário de Cidadania Trans – Dignidade, Inclusão e Respeito, promovido pela Coordenadoria da Diversidade Sexual do Rio de Janeiro. Ela embarca brevemente para Nova York a trabalho, mas volta a tempo de curtir o Carnaval de Salvador e, quem sabe, fazer uma visitinha ao Sambódromo do Rio. A modelo também adiantou à coluna que está se preparando para outra grande mudança: de Milão, na Itália, onde mora há anos, para Nova York, pela demanda de trabalho.

Ficou receosa com a reação das transexuais?

Muitas trans têm medo de que eu atrapalhe seus sonhos, mas não posso dizer que a cirurgia é linda e que elas vão ser 100% felizes só por causa dela. Não quero vender uma ideia falsa. O mais importante é ser preparada psicologicamente e ter um acompanhamento, como eu tive. O importante é você se amar também antes da cirurgia. Um arrependimento que eu tenho é de não ter amado o Leandro que sempre existiu. E uma parcela dele ainda vive em mim.

Como se sentiu no pós-operatório?

Éramos 10 meninas na Tailândia e todas sentiam dor, como em todas as cirurgias. Tive algumas complicações na fase de recuperação, então é bom que se saiba que o processo todo é complicado. Não foi uma cirurgia que deu certo 100%, mas agora está tudo ótimo. Tive o apoio da minha família, que foi fundamental. É uma hora em que estamos vulneráveis e precisamos de uma mão amorosa. O amor deve transcender qualquer coisa, inclusive o gênero.

O que mudou na sua cabeça?

O meu processo de aceitação. Fui iludida a vida inteira durante a minha transexualidade por achar que eu era uma mulher no corpo de um homem, porque crescemos numa sociedade que impõe pelo gênero. As pessoas não aceitam que você seja você. Minha sorte é que encontrei uma psicóloga que me ajudou a entender que eu tenho que ser eu mesma e aceitar isso. Biologicamente, não vamos nos tornar uma mulher completa. Mas espiritualmente é outra coisa.

Como se vê hoje em frente ao espelho?

Desde o primeiro dia que eu me vi, parecia que eu nasci com vagina. Nem lembro como era meu pênis e não sinto a mínima falta.

Sente prazer?

Como fiquei mais à vontade com o meu corpo, hoje consigo sentir prazer. Nem eu mesma acredito.

Algo que ainda gostaria de mudar no seu corpo?

Sempre comento que são meus pés tamanho 42, minhas mãos enormes e as costas largas. Quando eu era mais nova, se um médico falasse para fazer um transplante de pé, eu faria. Hoje em dia eu amo meus pés enormes. E um dia eu odiei minha condição de transexual e achava que não tinha vantagem alguma, mas hoje agradeço a Deus por ser transexual. Isso me levou a um entendimento pleno de mim mesma.

Já teve relação com algum homem depois da cirurgia?

Sou operada há um ano e só tive relação sexual com um homem. Não fiz isso para agradar a alguém. Aliás, não façam nada pelos homens. Você pode ser a mais bela de todas, mas, na hora que convém, alguns te ofendem. Não se pode fazer a cirurgia somente para agradá-los, mas para ser feliz.





Fonte: Época

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