Líder do MLST é assassinada no Paraná
A Polícia Civil tem como principal suspeito um sem-terra que havia sido expulso do acampamento por Jocélia Costa.
A chacina aconteceu às 21h30 de anteontem, quando dois homens, em uma motocicleta vermelha, chegaram ao barraco da coordenadora do acampamento atirando. Jocélia Costa foi morta com um tiro nas costas.
O delegado chefe da Polícia Civil de Cascavel (420 km a oeste de Curitiba), Amadeu de Araújo, disse que a filha da líder do MLST, Emanuelly de Souza, 5, foi morta porque teria reconhecido os assassinos. "É uma cena típica de queima de arquivo. A menina deve ter reconhecido aos agressores e foi assassinada", disse.
O sem-terra Ezequias Faleiros, 32, que estava próximo ao barraco de Jocélia, foi atingido com um tiro na perna. Ele é a principal testemunha do crime e seria ouvido ainda ontem pela Polícia Civil.
Araújo disse que um dos suspeitos pela autoria do crime foi expulso há um mês do acampamento do MLST por Jocélia Costa, liderança do MLST na região oeste e principal coordenadora do acampamento da BR-369, onde existem 230 famílias acampadas.
Crime anunciado
Outra liderança do MLST no acampamento, Maria Ferreira, disse ontem que Jocélia Costa recebeu uma ameaça de morte em 19 de maio.
"Ligaram para seu celular e avisaram que ela ia ver o que ia acontecer em nosso acampamento. No dia 2 deste mês, um outro líder sofreu atentado. Essas ameaças são de pessoas de fora do acampamento. Cabe à polícia desvendar quem são os criminosos", disse.
O delegado Araújo disse que a ameaça a Jocélia Costa e o atentado contra outra liderança não foram comunicados à Polícia Civil. Segundo ele, as investigações levam, até o momento, à hipótese de "vingança" pela expulsão do sem-terra suspeito.
Na tarde de ontem, ele pediu à Justiça de Cascavel a prisão preventiva de dois suspeitos pelos assassinatos.
O MLST, que ficou conhecido nacionalmente depois de organizar a invasão e depredação da Câmara dos Deputados no último dia 6, é um movimento recente no Paraná.
Segundo Celso Lacerda, superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Paraná, o movimento não tem assentamentos no Estado.
Sua ação é concentrada nos municípios de Lindoeste e Cascavel, com dois acampamentos.
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