Polícia italiana desarticula nova direção da máfia
Outras sete pessoas são procuradas pelos 500 agentes das forças de segurança que participam da operação. Um dos responsáveis pela operação, o chefe de polícia de Palermo, Giuseppe Caruso, qualificou a investigação como um "golpe brilhante".
"A Esquadra Móvel conseguiu prender a nova alta cúpula da Cosa Nostra. Reconstruímos a situação atual da estrutura da máfia, seus equilíbrios internos e seus recursos econômicos, que estavam ligados aos componentes da direção", declarou Caruso.
Um dos pontos-chave da operação foi a descoberta dos números existentes nos famosos "pizzini", os pedaços de papel com os quais Provenzano dirigia a Cosa Nostra e se comunicava com os demais chefes mafiosos.
Cada número se referia a um membro da Cosa Nostra, segundo revelou o médico Antonio Cina em uma conversa interceptada pela polícia: "Eu sou o 164; esse número se refere a mim".
Sucessão
A revelação e numerosas conversas interceptadas durante horas permitiram determinar que a sucessão de Provenzano havia sido assumida por Antonio "Nino'"Rotolo, chefe do clã dos Pagliarelli; Franco Bonura, construtor mafioso, e o já citado médico de Provenzano, Antonio Cina.
Os três, detidos hoje realizavam suas reuniões em uma cabana de chapas de latão nos arredores de Palermo. Eles falavam sem precaução por considerar o lugar secreto, seguro e a salvo de interceptações, graças a um aparelho que Rotolo pensava impedir escutas.
Apesar da cautela dos mafiosos, os investigadores conseguiram registrar as conversas durante dois anos, o que, junto aos pedaços de papel de Provenzano, permitiu reconstruir historicamente os eventos mafiosos dos últimos 25 anos.
Na cabana, os três, junto com outros chefes da Cosa Nostra, falavam sobre tudo: desde a censura ao Papa João Paulo 2º por sua dura condenação à máfia até a recomendação para um exame da universidade, segundo as agências de notícias italianas.
Líderes
Por meio das conversas, soube-se que Rotolo era um dos homens mais fortes da organização, o de maior confiança de Provenzano. A polícia também descobriu que Rotolo, Bonura e Cina planejavam desmantelar as famílias mafiosas concorrentes.
Nas reuniões, os chefes mafiosos comentaram também a má fase que a organização criminosa atravessava. "É um período difícil porque não podemos confiar uns nos outros, porque, em cada operação, há um novo arrependido", afirmou em uma das conversas Vincenzo Marciano, um "capo" [chefe] da Cosa Nostra.
A investigação permitiu mais descobertas sobre o funcionamento da Cosa Nostra, como, por exemplo, que imigrantes chineses que possuem negócios dão dinheiro à máfia devido à ameaças de morte.
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