Rice adverte que lançamento de míssil seria "ato de provocação"
Em declarações no Departamento de Estado junto com o ministro das Relações Exteriores espanhol, Miguel Ángel Moratinos, a secretária americana se referiu aos supostos planos de Pyongyang para lançar um míssil do tipo Taepodong-2.
"Consideraríamos um descumprimento das obrigações assumidas na moratória que a Coréia do Norte assinou em 1999 e reiterou em 2002", afirmou Rice.
Portanto, acrescentou, "seria uma questão muito séria e um ato de provocação se a Coréia do Norte decidisse lançar esse míssil".
"Consultaremos sobre os passos seguintes a serem dados, mas posso garantir que serão feitos com a maior seriedade", advertiu Rice.
Até hoje, todas as vezes que os EUA propuseram discutir a questão do programa nuclear norte-coreano no Conselho de Segurança da ONU esbarraram na resistência da China e da Rússia, dois membros permanentes do Conselho.
Segundo Rice, dessa vez, no entanto, os países da região do Extremo Oriente e do resto do mundo "consideram esta uma questão muito séria", acrescentou.
Com estas ameaças, disse a secretária de Estado americana, a Coréia do Norte parece decidida novamente a "aumentar seu isolamento, decidida a adotar um caminho que não é de paz nem de compromisso", tentando novamente gerar conflito.
Horas antes, a Casa Branca tinha convencido a Coréia do Norte a cumprir seus compromissos internacionais e a renunciar a seu projeto de lançar um míssil de longo alcance.
Em declarações feitas em Kings Point, em Nova York, onde acompanha o presidente americano, George W. Bush, em cerimônia de graduação na Academia da Marinha Mercante, o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, lembrou que Pyongyang tinha imposto uma moratória no lançamento de mísseis.
"Esperamos que essa moratória continue e que esse país respeite os compromissos assumidos" no ano passado, de desmantelar o armamento nuclear.
"Os EUA falaram diretamente com representantes coreanos em Nova York", disse Snow. O porta-voz presidencial não quis dizer, no entanto, o conteúdo dessas conversas.
Segundo os serviços secretos japoneses, sul-coreanos e americanos, um míssil de longo alcance norte-coreano, aparentemente do tipo Taepodong-2, está em um fosso no nordeste desse país, pronto para ser lançado.
As últimas fotografias, tiradas por satélites espiões dos EUA, mostram que foi concluída a injeção de combustível no míssil e, portanto, a arma estaria pronta para ser lançada, segundo diferentes veículos de imprensa americanos e asiáticos.
Em Nova York, o embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, afirmou hoje que Washington se reunirá com seus aliados no Conselho de Segurança para discutir os possíveis passos a serem dados caso Pyongyang decida finalmente testar o míssil.
"Preferimos, e temos deixado isso claro, que a Coréia do Norte não lance o míssil", disse Bolton.
Em 1999, a Coréia do Norte decidiu assinar por vontade própria uma moratória nos testes de mísseis balísticos.
Um ano antes, os norte-coreanos tinham causado um alerta vermelho no Japão, devido ao lançamento de um míssil Taepodong-1, de médio alcance, que sobrevoou o território japonês antes de cair no mar.
As suspeitas sobre as intenções da Coréia do Norte chegam em um momento de estagnação nas conversas a seis lados sobre o programa de armamento nuclear de Pyongyang.
Essas conversas, que contam com a participação das duas Coréias, EUA, Japão, China e Rússia, vêm sendo boicotadas pela Coréia do Norte desde novembro, quando aconteceu a quinta e última rodada, em Pequim.
Comentários